Concello de Vilalba. Axenda cultural da semana

Axenda da semana:

_ Venres 20, dentro do “II ciclo de Música na Praza”, temos ás 20:30h Cuarteto de corda Castelao, na Praza Coronel Pena. (En caso de choiva no centro Cultural Recreativo).

__Sábado 21 ás 18:00h, continuamos co “Verán Activo”, este sábado temos a Javi Javichi con “Plato, platito, platete”, espectáculo de malabares, circo e clown.

_Sábado 21 ás 23:00h, continuamos coa mostra de verán Teatronoite coa obra “Maniféstate!!” da compañía Andaravía Teatro (A. C

. Papaventos), na Praza da Constitución. (En caso de choiva no Auditorio Carmen Estévez).

 

 

_ Domingo 22, “Festival Internacional de Folclore” coa participación de grupos de música e baile tradicional de catro países e coa participación de grupos de música tradicional do municipio.

Ás 19:30h participarán nun desfile con saída da Praza da Constitución que pasará polas rúas Basanta Silva e rúa da Pravia cunha comitiva de arredor de 300 persoas.

Ás oito comezará o festival na Praza da Constitución, e en caso de que o tempo non acompañe, as actuacións trasládanse ao auditorio municipal Carmen Estévez.

 

 

 

SALA DE EXPOSICIÓNS AUDITORIO

__14 de xullo ao 20 de agosto, IESCHA. Debuxos “Só lapis” de Jesús Trastoy.

ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (XXVI), por André Da Ponte

ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (XXVI), por André Da Ponte

ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (XXVI)

Makhmud Darwish

محمود درويش

Penúltimo discurso do índio perante o homem branco

Morto, dixem?: Nấo há morte.

Só uma muda de mundos.

Seattle.

Chefe dos Duwamich.

I.

Assim, somos os que somos no Mississipi. Possuímos o que nos resta de ontem,

mas a cor do céu mudou e o mar polo* Leste

também. Ó senhor dos brancos, senhor dos cavalos, que é o que queres

dos que vão de caminho para as árvores da noite?

Elevada é a nossa alma e sagrados os pastos. E as estrelas

são palavras que alumiam. Esquadrinha-os e a nossa história cabal lerás:

aqui nascemos, entre água e fogo, e de aqui a um nada renasceremos nas nuvens

beira da costa azulada.

No mates mais a erva. Uma alma possui que em nós defende

a alma da terra. Ó senhor dos cavalos, ensina o teu corcel para que pregue perdo

à alma da natureza polo* que tens feito às nossas árvores.

Árvore, irm.

Fizeram-te padecer tanto como a mim.

No rogues comiseraço

Polo* lenhador de minha me e da tua.

II.

O chefe branco compreenderá as velhas palavras

aqui, nas almas em liberdade entre o céu e as árvores.

É um direito de Colombo a liberdade de topar índios em qualquer mar.

Direito seu é chamar os nossos espectros pimenta ou índios.

Pode quebrar a bússola do mar para que se endireite

e confundir ao vento do Norte, mas no crê que os humanos

são semelhantes, como o ar e a água, além do reino dos mapas,

que como se nasce em Barcelona, nascem, mas em todas as cousas adoram

ao deus da natureza e no o ouro.

E Colombo, o livre, procura uma linguagem que cá no achou,

ouro procura nos crânios dos nossos bondosos avôs

e conseguiu o que desejava dos vivos e dos mortos

Porque é que desde o seu sepulcro prossegue a eterna guerra de extermínio

e de nós nấo restam mais que as galas para a ruína e a plumagem leve sobre

os vestidos dos lagos? Setenta milhões de corações arrebentados abundarão

para que voltem da nossa morte, como um rei, sobre o sólio do tempo novo?

Nấo chegou o momento, estrangeiro, de encontrarmo-nos como estranhos num mesmo [tempo,

num mesmo país, como rente dum abismo se encontram os estranhos?

Para nós o que nos pertence e a vossa porçấo do céu.

Para vós o que vos pertence e a nossa parte de ar e água.

A nossa parte de calhaus para nós e para vós a vossa de ferro.

Vem para repartirmo-nos a luz na força da sombra. Elege o que desejar

da noite e deixa-nos duas estrelas para que enterremos os nossos mortos no firmamento.

Apanha do mar o que desejares e deixa-nos duas ondas para pescar.

Colhe o ouro da terra e do sol e deixa-nos a terra dos nossos nomes.

Volta com a tua gente, estrangeiro, e procura as Índias.

III.

Árvores modeladas da palavra do deus são os nossos nomes e pássaros que voam mais [alto

que os fuziles. No fendas as árvores do nome, vós que vindes

em guerra desde o mar. E no lanceis os vossos cavalos como archotes polas* planícies.

Vós tendes o vosso deus e as vossas crenças e nós os nossos.

De Ele no façais um porteiro no palácio do rei.

Apanhai as rosas dos sonhos nossos para olhar a alegria que vemos nós.

Dormi à sombra dos nossos sabugueiros para voar como as pombas,

como os nossos bondosos avôs antes de voltar em paz voaram.

Há-vos faltar, brancos, a lembrança da viagem polo* Mediterrâneo,

há-vos faltar a solidão da eternidade num bosque que no assoma ao abismo,

há-vos faltar a sabedoria das desgraças e uma derrota nas guerras,

há-vos faltar uma rocha que se resiste ao fluxo do veloz rio do tempo,

há-vos faltar uma hora para a contemplaço de qualquer cousa, para que amadureça em [vós

um céu indispensável para a terra, uma hora para duvidar entre dous

caminhos. Um dia há-vos faltar Eurípides e os poemas de Canaã e os babilônios.

Hão-vos faltar

as cantigas de Salomo a Shulamite, a açucena da saudade.

Há-vos faltar, brancos, uma lembrança que adestre os cavalos da loucura

e um coraço que esfregue as rochas para que o brunissem na chamada dos violinos.

Falhar-vos-á uma trégua com os espectros nossos nas infecundas noites do inverno,

um sol menos aceso, uma lua menos cheia para que o crime apareça

menos majestoso na pantalha. Tomai o vosso tempo

para matar a Deus.

IV.

Nós sabemos o que encobre esta eloqüente ambigüidade

um céu que do nosso se pendura e fadiga a alma, um sabugueiro

que sobre os passos do vento anda, uma fera que erige um reino nos

buracos da atmosfera ferida e um mar que a madeira das nossas portas salga.

A terra no era mais pesada antes da criaço, mas

nós o soubemos antes de tempo. Os ventos hão nos contar

a origem nossa e o fim, mas hoje tiramos o sangue ao nosso presente

e soterramos os nossos dias na cinza dos mitos. Atenas no é para nós.

Conhecemos os nossos dias polo* fumo do lugar e Atenas no é para nós.

Estamos informados do que o senhor metal nos reserva

e reserva aos deuses que no protegem o sal do nosso po.

Sabemos que a verdade é mais forte do que a injustiça, que os tempos

mudaram desde que mudaram as armas. Quem alçará as nossas vozes

para uma chúvia seca nas nuvens? Quem limpará os nossos costumes

do fragor dos metais? «Anunciamos a boa nova da civilizaço», dissera o estrangeiro,

«Eu sou o senhor do tempo que veio para herdar a terra vossa.

Passai perante mim para que vos conte, cadáver a cadáver, sobre a superfície do lago»

«Anúncio-vos a boa nova da civilizaço» o estrangeiro dissera. «Que vivam os [Evangelhos. Passai

para que reste só a divindade para mim. Os índios mortos so melhores

que os vivos para o nosso Senhor dos céus. Deus é branco

e branco é este dia. Vós tendes um mundo e outro nós».

O estrangeiro pronúncia extravagantes palavras e esburaca na terra um poço

para soterrar o céu. Estranhas palavras o estrangeiro pronúncia

e caça às nossas crianças e às borboletas. Que é o que prometeste ao nosso jardim, [estrangeiro?

Rosas de zinco mais lindas que as nossas? A tua vontade seja

mas, sabes por ventura que a gazela no pasta a erva se o nosso sangue a roça?

Sabes que os búfalos e as plantas os nossos irmos so, estrangeiro?

No esburaques mais a terra. No firas a tartaruga,

nas suas costas dorme a terra, a nossa terra me, as nossas árvores so a sua cabeleira

e as suas flores os nossos enfeites. «No há morte nesta terra».

No perturbes a fragilidade da sua constituiço, no quebres os espelhos,

no amedrontes nem dor motives à terra: os nossos rios so a sua cintura

e todos, vós-outros e nós-outros, somos os seus filhos. No lhe tireis a vida.

De aí a pouco poremo-nos de caminho. Tomai o nosso sangue e deixai-a

tal qual é:

O mais lindo que escreveu Deus sobre as águas

para Ele e para nós.

Ouviremos atentamente as vozes dos nossos avôs nos ventos e escuitaremos

latejos nos botões das nossas árvores. Esta terra é a nossa me,

toda ela santa, pedra por pedra. Esta terra é uma cabana

para os deuses que com nós moraram, estrela por estrela, e que para nós alumiaram

as noites da prece. Temos caminhado descalços para apalpar a alma dos seixos

e andado despidos para que a alma do ar nos cobra com mulheres

que nos devolvam os presentes da natureza. A nossa história era a sua e o tempo tinha

um tempo para nascermos nela e para retornar dela para ela, restituindo à terra as [suas almas

aos poucos. Custodiamos nas jarras a lembrança dos que amamos

com o sal e o azeite. Penduramos os seus nomes nos pássaros dos regatos.

Éramos os primeiros. No havia lousado* entre o céu e o azul das nossas portas.

Nenhum cavalo pastava a erva das nossas gazelas nas pradarias. Estrangeiro nenhum

as noites das nossas mulheres trespassava. Deixai a flauta ao vento, que chore

polo povo deste lugar ferido que amanhã há chorar por nós.

Amanhã por nós chorará.

V.

Ao nos despedir das nossas lareiras no devolvemos a saudaço. No nos ordeneis

os mandamentos do novo deus, deus do ferro, e no pedais

um pacto de paz aos mortos. No resta nem um de vós

para anunciar-vos a paz de si para si e com os outros. Lá

mais teríamos vivido se no houvesse sido polas* espingardas inglesas, o vinho francês e [as febres.

Como há que viver vivíamos, na companhia do povo da gazela.

Cuidadosamente guardamos a nossa história oral e entregávamos as boas novas com inocência e margaridas.

Vós tendes o vosso deus e nós o nosso, vós tendes o vosso passado e o nosso nós. O [tempo

é o rio, e se reparamos no rio, em nós o tempo chora.

No lembrais um pouco de poesia para deter o morticínio?

No nascestes de mulheres? No mamastes, como nós,

O leite da saudade? No pusestes, como nós, asas

para vos unir à andorinha? Nós anunciamos a primavera. No tireis da bainha as armas.

Ainda poderíamos cambiar algumas dádivas e algumas cantigas.

Aí estava o meu povo. Aí jaz meu povo. Aí estão os castanheiros

que escondem as almas do meu povo. Meu povo há retornar em ar, luz e água.

Conquistai a terra da minha me pola* espada, mas no assinarei

o pacto entre a vítima e o seu assassino. No assinarei

a venda dum palmo de espinheiro em redor dos campos de milho.

Sei que me despeço do último sol, que me envolvo no meu nome

e caio no rio. Sei que retorno ao coraço da minha me

para seres tu admitido no teu século, senhor dos brancos. Ergue sobre o meu cadáver

as estátuas duma liberdade que no devolve a saudaço e cava a cruz de ferro

na minha sombra de pedra. Montarei devagar aos cimos do canto,

ao hino do suicídio das comunidades na ocasio em que acompanhem a sua História à [distância.

Ceibarei* nelas aos pássaros das nossas vozes. Venceram aqui os estrangeiros

sobre o sal. O mar misturou-se com as nuvens. Venceram os estrangeiros

em nós à casca do trigo e dilataram as linhas do telégrafo e a corrente eléctrica.

Aqui o falco suicidara-se de tristeza. Venceram-nos aqui os estrangeiros

e nada restou em nós no tempo novo.

Evaporam-se aqui os nossos corpos, nuvem por nuvem, no espaço.

Aqui cintilam as nossas almas, estrela a estrela, no espaço do canto.

VI.

Decorrerá um longo tempo antes que o nosso presente em passado se converta, como [nós.

Haveremos marchar primeiramente para a nossa morte. Defenderemos as árvores que nos [cobrem

e o sino da morte. Uma lua que desejamos no alto das nossas cabanas defenderemos

e o aturdimento das nossas gazelas. A argila da nossa cerâmica defenderemos

e o nosso plumo na asa das derradeiras cantigas. De aqui a um bocado

edificareis o vosso mundo acima do nosso. Projectareis o caminho dos nossos túmulos

em direcço à lua artificial. Este é o tempo das indústrias,

o tempo dos metais. O champanha dos poderosos nasce do carvo.

Há mortes e colônias, mortos e calcadores, mortos

e hospitais, mortos e radares que vigiam os mortos

que mais uma vez morrem na vida e mortos

que após a morte sobrevivem, mortos que ao monstro das civilizações ensinam a morte

e mortos que morrem para transportar a terra sobre os restos.

Ó, senhor dos brancos, para onde levas o meu povo e o teu?

Rumo a que abismo leva à terra este robote armado até os dentes de aviões

e porta-aviões? Em direcço que muito extenso abismo vos elevais?

Tudo o que desejeis vosso é: a nova Roma, a Esparta da tecnologia

e

a ideologia da loucura.

E nós, fugiremos dum tempo para o que no preparamos ainda a nossa ideia.

caminharemos para a pátria do pássaro, como uma bandada humana de precursores.

Olharemos a nossa terra desde os calhaus da nossa terra, desde os furados das nuvens,

Olharemos a nossa terra desde as palavras das estrelas. Olharemos a nossa terra

desde o ar dos lagos, desde a penugem do tenro milho, desde

a flor das campas, desde as folhas do álamo, desde todo

quanto vos assedia, brancos, mortos que falecem, mortos

vivos, mortos que voltam à vida, mortos que espalham o segredo.

Outorgai um prazo à terra para que diga a verdade, toda a verdade

sobre vós

e sobre nós,

sobre nós

e sobre vós.

VII.

Há mortos que adormecem nos quartos que edificareis,

há mortos que visitam o seu passado nos lugares que demolis,

há mortos que passam sobre as pontes que tendes de construir,

há mortos que aclaram a noite das borboletas, mortos

que chegam à alvorada para tomar o chá convosco, tão tranquilos

como os deixaram os vossos fuziles. Consenti, convidados do lugar,

alguns escanos livres aos convidados para que vos leiam

as cláusulas da paz com os mortos.

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