CANÇÃO SEM PALAVRAS

CANÇÃO SEM PALAVRAS

E eu que de tanto amá-la

nem sabia que a queria…

Cruel dor já só me resta

aprofundando na ferida…

E eu, que tanto a amava

e era então que não sabia….

E eu, que tanto a sonhei

como sonha a flor a água fina…

Como fervença em névoas passadas

desce quanto o recordo cria

e resta daquele pouso

uma saudade maldita…

(Como é que miravam seus olhos,

a sua fala, como recendia?

Qual foi a mão que abalou o vento

e deixa agora a tristeza prendida?

Como cheiravam os seus cabelos?

E a aflição infinita

bate como martelo na alma

onde só a soidade fica…)

Agora que já todo perdi,

ainda que as minhas mãos a perdê-la se resistam,

fica comigo dor,

pegada bem-querida.

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

https://presentepravoce.files.wordpress.com/2010/07/pegadas-na-areia.jpg

Saída

 

 

“Tener fuertes convicciones es el secreto para sobrevivir a las privaciones, tu espíritu puede estar lleno, incluso cuando tu estómago está vacío”

N. R. M.

 

ollo o teito

nel está redactada a consigna

apúntame unha frecha, a circular pegada das aves

o símbolo de Gerald Holtom

abrir as ás: cuadricularse

semella a derradeira partida de xadrez

a espuria magnitude do peón

o taboleiro: os negros, os brancos, os negros, os brancos…

metálica política intruíndose nas veas do país

baixo a ollada, xiro o pescozo

de esguello miro á esquerda, xiro o pescozo

de esguello miro á dereita; os barrotes

o corazón: os tulipáns

precisan frío pra xerminar

precisan a perfección do xeo; a dose cristalina

conmigo están as putas, os ladróns, os cocainómanos,

os membros do LGBT, os que cisman nun futuro…

os de abaixo

hoxe non atoparémo-la saída

mañá si

levámo-la dentro

somos nós

 

Conferencia de Antón Riveiro Coello sobre Carlos Casares

Conferencia de Antón Riveiro Coello sobre Carlos Casares

Seguindo cos actos centrados na celebración das Letras Galegas de 2017, o escritor Antón Riveiro Coello cartaz impartirá unha conferencia sobre a figura de Carlos Casares  o vindeiro venres, día 9 de xuño, ás 19:30 horas, na Casa da Cultura de Vilalba, nun acto organizado polo Iescha e que será presentado por Tino Alvite. Para máis información clicar aquí.

 

*Información facilitada polo IESCHA

A ÚLTIMA CHAMADA POR TELEFONE

A ÚLTIMA CHAMADA POR TELEFONE

Foi o último alento, o postreiro fio

deixando em dor a vida atravessada.

Foi um adeus sem adeus duma chamada

naquele respirar distante e frio.

 

Percorre-me ainda o corpo um arrepio

se penso em tua voz encadeada

e sinto que era alegre a tua mirada

e sei bem que o meu um crime no vazio.

 

Regressa em mim, já fantasma e afastado

sem bicos para o lábio, aquele alento

e desse telefone o som colgado.

 

E maldigo sem fim esse momento

em que fui eu ruim tolo arrebatado,

néscio sem perdão e mais violento.

 

 

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

http://images.freeimages.com/images/previews/da7/phone-hang-up-2-1251478.jpg