E eu que de tanto amá-la

nem sabia que a queria…

Cruel dor já só me resta

aprofundando na ferida…

E eu, que tanto a amava

e era então que não sabia….

E eu, que tanto a sonhei

como sonha a flor a água fina…

Como fervença em névoas passadas

desce quanto o recordo cria

e resta daquele pouso

uma saudade maldita…

(Como é que miravam seus olhos,

a sua fala, como recendia?

Qual foi a mão que abalou o vento

e deixa agora a tristeza prendida?

Como cheiravam os seus cabelos?

E a aflição infinita

bate como martelo na alma

onde só a soidade fica…)

Agora que já todo perdi,

ainda que as minhas mãos a perdê-la se resistam,

fica comigo dor,

pegada bem-querida.

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

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