por Andre da Ponte | May 30, 2017 | Autores/as, Creación
Se nalgum dia, logo que
de ficar eu no decesso,
ouves crepitar as faíscas
do lume do meu relembro,
julga, amor, que além do espaço,
nas vertigens do silêncio,
todo este meu ser dolente
há de te seguir querendo.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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por Andre da Ponte | May 28, 2017 | Autores/as, Creación
Eu bem sei o que é querer-te
e não ter-te
mesmo assim como eu te quero.
Como quer a vida a morte,
como o tempo quer o tempo.
Como este amar que vai no alto
se afundindo nos infernos.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
http://www.artsycraftsy.com/dore/inferno5.jpg
Debuxo de Paul Gustave Doré para a Divina Comédia
por Andre da Ponte | May 27, 2017 | Autores/as, Creación
Caído sobre a sombra do passado
como uma imensa lousa de vazio
se comprime no coração e lesa a alma
o pretérito tempo preterido.
Aguardo a sombra, e tanto aguardo tanto
de mim tão assíduo desasido,
que, assim, de tal modo, fico assomado
na escura vereda onde jaz o olvido.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
https://dcvitti.files.wordpress.com/2012/08/numa-rua-deserta.jpg
por Andre da Ponte | May 26, 2017 | Autores/as, Creación
Atrapalhado na alma e no sentido
sonhei que te sonhava e tão ditoso,
tão quimérico foi, tão ardiloso,
que me achei toda a noite entretecido.
Olhei-te, pura luz, tão acendido
no doce e limpo olhar, tão fervoroso,
que procurei não despertar, medroso
de te perder se não ficar dormido.
Mas foi, por um momento, bem miúdo
o engano de sonhar que te sonhava
e fora ainda mais triste despertar,
que logo olhei meu coração desnudo
vendo que, sem ventura, não te achava
e fora uma ânsia do meu penar.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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por Andre da Ponte | May 24, 2017 | Autores/as, Creación
Traio prendido firme no pescoço
pesado, grave e rigoroso jugo.
Pra mim sou cruel juiz e verdugo,
um desprezível carrasco ao meu algozo.
Apenas sou espantalho pra remoço:
enquanto minhas lágrimas enxugo
é só do meu sofrer que aflição sugo
maldizendo o coração que destroço.
Nada alegarei do mal ante os mortais;
meu coração ruim e desumano
fique preso no erro cometido.
E mais não me tenham dó, porque jamais
hei tirar a escravatura em que afano
ser tão somente um tormento afligido.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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