por Andre da Ponte | Jun 9, 2017 | Autores/as, Creación
Cego ando por eu tanto ter chorado,
bágoas a centos tenho vertido,
não se admirem se em rios dividido
ou em mares não me tenha derramado.
Meu coração, aflito e aprisionado,
tem dor em si próprio guarnecido
e assim nos meus poemas tem sentido
o sofrimento onde fico barrado.
Eu, que conheci o amor e a fermosura,
permaneço já só com meu quebranto
e a prolongada infinita loucura.
Que finde o ousado livro com meu pranto
inundado por versos de tristura.
Feche-se aqui meu dolorido canto.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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por Andre da Ponte | Jun 7, 2017 | Autores/as, Creación
E eu que de tanto amá-la
nem sabia que a queria…
Cruel dor já só me resta
aprofundando na ferida…
E eu, que tanto a amava
e era então que não sabia….
E eu, que tanto a sonhei
como sonha a flor a água fina…
Como fervença em névoas passadas
desce quanto o recordo cria
e resta daquele pouso
uma saudade maldita…
(Como é que miravam seus olhos,
a sua fala, como recendia?
Qual foi a mão que abalou o vento
e deixa agora a tristeza prendida?
Como cheiravam os seus cabelos?
E a aflição infinita
bate como martelo na alma
onde só a soidade fica…)
Agora que já todo perdi,
ainda que as minhas mãos a perdê-la se resistam,
fica comigo dor,
pegada bem-querida.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
https://presentepravoce.files.wordpress.com/2010/07/pegadas-na-areia.jpg
por Andre da Ponte | Jun 7, 2017 | Autores/as, Creación
Foi o último alento, o postreiro fio
deixando em dor a vida atravessada.
Foi um adeus sem adeus duma chamada
naquele respirar distante e frio.
Percorre-me ainda o corpo um arrepio
se penso em tua voz encadeada
e sinto que era alegre a tua mirada
e sei bem que o meu um crime no vazio.
Regressa em mim, já fantasma e afastado
sem bicos para o lábio, aquele alento
e desse telefone o som colgado.
E maldigo sem fim esse momento
em que fui eu ruim tolo arrebatado,
néscio sem perdão e mais violento.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
http://images.freeimages.com/images/previews/da7/phone-hang-up-2-1251478.jpg
por Andre da Ponte | Jun 6, 2017 | Autores/as, Creación
Nos campos da soidade minha ferida
errante e sem consolo vai calada,
perseguindo a sombra duma pegada
que nutra e reconforte a minha vida.
A chama nas lembranças estendida
mantém ainda a esperança ousada
e amar resignado é a aguilhada
que punçoa a minha alma desprendida.
A luz da existência está extinta,
só aguardo que a tristeza vizinha
que rói, nutra a dor e não desminta
o tempo que se foi e ainda acarinha
a angústia de voltar. Não me minta
o recordo que junto a mim caminha…
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
http://www.ecoticias.com/userfiles/2016/Mar_28/RANAS14_33_original.jpg
por Andre da Ponte | May 30, 2017 | Autores/as, Creación
Por estes versos tristes que lhe escrevo,
filhos do meu amor ortografado,
saberá a minha pena e meu cuidado
e que nada deve e eu todo lhe devo.
Se meu engenho dá, já não me atrevo
escrever o que o coração estragado
sente em si, golpe a golpe, tão penado
que, calando, a minha pena descrevo.
Fora grande ventura perto ver-vos
e, depois de vista, disposto a amar-vos
resignado a ser dó sem merecer-vos.
Pois resulta impossível olvidar-vos,
saiba que são estes versos protervos
as tulhas da paixão para guardar-vos.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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