Traio prendido firme no pescoço

pesado, grave e rigoroso jugo.

Pra mim sou cruel juiz e verdugo,

um desprezível carrasco ao meu algozo.

 

Apenas sou espantalho pra remoço:

enquanto minhas lágrimas enxugo

é só do meu sofrer que aflição sugo

maldizendo o coração que destroço.

 

Nada alegarei do mal ante os mortais;

meu coração ruim e desumano

fique preso no erro cometido.

 

E mais não me tenham dó, porque jamais

hei tirar a escravatura em que afano

ser tão somente um tormento afligido.

 

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

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