Entrega de premios do III Certame de Debuxo e Poesía AVELINO DÍAZ

O pasado venres, 14 de xuño ás 19:30 horas, no salón de actos da Casa Consistorial de Meira tivo lugar a entrega de premios do III Certame de Debuxo e Poesía Avelino Díaz, convoca a Asociación Cultural AVELINO DÍAZ, en colaboración dos Concellos de Riotorto e Meira.

Velaquí unha galería gráfica que recolle distintos momentos da citada entrega dos galardóns que recolle a acta do xurado deliberador do certame.

XI Noite de San Xoán en Vilalba

O domingo 23 de xuño celebramos a “XI Noite de San Xoán”, cunha “Gran sardiñada”, que dará comezo ás 21.00h na Praza de Sta. María coa degustación de sardiñas, pan, liscos, cervexa, viños, … típico desta noite e posteriormente o espectáculo de Terras de Queimada.

Amenizará as prazas o grupo “Fonte de Merlán”.

Na Praza de San Xoán, teremos os seguintes actos:

18:30h- Coral Mato Vizoso

19:00h- Teatro de títeres Micromina

23:00h- Pregón a cargo de Baruk Domínguez

23:15h- Escola de Teatro de Vilalba Meigas.

23:30h- Acendido de Fogueiras

00:10h Concerto Superglue

Para a comida, temos un total de 1.000 tickets que xa están a disposición do público na Casa da Cultura de Vilalba. Os tickets son gratuítos.

*Información achegada desde a área de Cultura do Concello de Vilalba.

III Ciclo de Música na Praza Vilalba 2019

Terceira edición de “Música na Praza”, tendo lugar durante todas as fins de semana de xuño, xullo e agosto. Comprende 25 actuacións musicais con concertos venres, sábados e domingos.

Segundo o día e a temática temos:

Venres ás 20.30 horas, concertos sobre clásicos populares.

Sábados, ás 22.00 horas con rock e música máis moderna.

Domingos, só haberá unha actuación ao mes e os concertos serán ás 13.00 horas na Praza da Constitución, onde actuarán as bandas de música con temas propios da sesión vermú.

No caso de choiva ou mal tempo, as actuacións dos venres e sábados trasladaranse ao Centro Cultural Recreativo e as de domingo ao Auditorio, con entrada libre e gratuíta.

*Información facilitada pola área de Cultura do Concello de Vilalba.

O soneto “As vogais”, de Arthur Rimbaud, vertido ao galego português

ARTHUR RIMBAUD, UM GÉNIO MORTO PARA A POESIA PREMATURAMENTE

O SONETO “AS VOGAIS” VERTIDO PARA GALEGO-PORTUGUÊS

Arthur Rimbaud, que foi nascido em Charleville em 20 de outubro de 1854 e na pia baptismal punheram-lhe o nome de Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, escreveu todas as suas obras-primas entre os quinze e os dezaoito anos, um caso espantoso de precocidade genial.

Considerado pola crítica como uma figura a cavalo entre o pós-romantismo e precursor do surrealismo, muda-se para Paris com dezasete anos com o apoio de outro poeta maldito, Paul Verlaine (alguns poemas traduzidos deste autor são acessíveis aqui: http://culturaliagz.com/?s=Paul+Verlaine). Foi por causa do envio do soneto que hoje traduzimos para o poeta de Poemas Saturninos que os dous poetas partem para Londres. A relação de mútuo amor e ódio chega ao seu fim quando Paul Verlaine desfecha uma bala no pulso do autor do soneto As vogais.

Com apenas vinte anos de idade, Rimbaud abandonou para sempre a literatura para retomar a vida sem rumo que levou quando adolescente.


Começou a trabalhar com comércio de café na Etiópia, chegou a fazer parte do Exército das colônias holandesas e do tráfico de armas em Ogaden e visitou o Chipre e Alexandria. A sua caminhada errante terminou quando lhe foi amputada uma perna por um cáncer de joelho.

Morreu no dia 10 de novembro de 1891 em Marselha, após anos de agonia com a só companhia da sua irmã Isabel. Tinha apenas trinta e sete anos de idade.

O soneto que postamos se tornou junto com Le Cœur supplicié (O Coração torturado), o poema mais comentado do poeta. Claude Lévi-Strauss em Regarder écouter lire, Plon,1993, páginas 127-137,  tem explicado o pensamento oculto do poema, não por uma relação direta entre as vogais e as cores declaradas no primeiro verso, mas por uma analogia entre duas oposições, a oposição entre vogais por um lado, e as cores por outro.

Contudo, ainda resultando bastante enigmático o poema, a sonoridade imensa que tem para o leitor obra como uma sorte de fascinação além do sentido que se lhe queira ou poda dar.  

Há, polo menos, duas versões manuscritas antigas do soneto: a primeira é da mão de Rimbaud (a versão autógrafa da mão de Rimbaud é mantida no Musée Rimbaud em Charleville-Mézières) e foi dada ao poeta e dramaturgo Emile Blemont; a segunda é uma cópia de Verlaine de 1871. A sua diferença é essencialmente em pontuação.

Foi Verlaine quem publicou o soneto, na edição de 5 a 12 de outubro de 1883 da revista Lutèce.

Reproduço o soneto em francês segundo a edição “Poemas completos”, prefaciados por Paul Verlaine, Leon Vanier, bibliotecário, ed., París, 1895, página 7.

Na tradução tentei deixar os versos alexandrinos franceses (versos compostos de dous hemistíquios (ou sub-versos) de seis sílabas cada, com um total de doze sílabas). Assim os versos em galego-português têm também doze sílabas, embora, por vezes foi impossível conseguir os hemistíquios.

VOGAIS

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,

desvendarei um dia vossas bases latentes:

A, negro espartilho das moscas reluzentes

Que zumbam à volta dos agres lamaçais,

E, candor de nevoeiros, tendas, de reais,

Lanças de gelos, reis brancos, flores trementes

I, vermelho, cuspindo sangue dentre os dentes

os risos dos lábios raivosos e sensuais;

U, divino abalo dos verdes oceanos,

Paz de fezes cheias de bestas, paz dos anos

Que as rugas grava a alquimia dos escolhos;

Ó Clarim sumo cheio de estrondos profundos,

Silêncios abalados por Anjos e Mundos;

— Ô Omega, raio vermelho dos Seus Olhos!

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

VOYELLES


A noir, E blanc, I rouge, U vert, O bleu, voyelles,
Je dirai quelque jour vos naissances latentes.
A, noir corset velu des mouches éclatantes
Qui bombillent autour des puanteurs cruelles,

Golfe d’ombre ; E, candeur des vapeurs et des tentes,
Lance des glaciers fiers, rois blancs, frissons d’ombelles
I, pourpres, sang craché, rire des lèvres belles
Dans la colère ou les ivresses pénitentes;

U, cycles, vibrements divins des mers virides,
Paix des pâtis semés d’animaux, paix des rides
Que l’alchimie imprime aux grands fronts studieux;

O, suprême Clairon plein des strideurs étranges,
Silences traversés des Mondes et des Anges:
— O l’Oméga, rayon violet de Ses Yeux!

* FOTO DE PAUL VERLAINE (à direita) e ARTHUR RIMBAUD (à esquerda) em Bruxelas, 1873.

https://i.pinimg.com/736x/fd/2b/a3/fd2ba3eeb2f113ef5590af83be893e27.jpg