por Andre da Ponte | Jun 3, 2017 | Autores/as, Creación
Aqui a molhada erva, e acolá a serra
e no meio a tua presença ausente.
Sussurra o vento um ermo som silente
de passos passados presos na terra.
A brisa leve no centeio enterra
uma briga de adeuses e se sente
polos alqueires da alma, tão presente!,
um queixume fundo e o calar encerra.
Meu amor!, como é que nasce a lembrança?
Como surge essa ardência poderosa?
Como arranca a dor que comigo avança?
A sombra responde e pára a história
nos chovidos degraus. Roda a rosa
na solidão murcha da memória.
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por Andre da Ponte | Jun 2, 2017 | Autores/as, Creación
Ditosos foram olhos ao mirar-te
e minha alma feliz ao conhecer-te,
devo dizer que não vivo sem ver-te
e à morte irei sonhando com só amar-te.
Minha vida existe para estimar-te,
os meus braços existem para ter-te
e fujo do pecado de ofender-te
e nem mais procuro que contemplar-te.
Teus olhos mancaram o entendimento
e vivo, desde então, o meu penar
sem descanso para o meu sentimento.
Mágoa penosa fura o pensar
que, existindo ressentindo o que sento,
mais nunca poderei já o deixar!
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por Andre da Ponte | Jun 1, 2017 | Autores/as, Creación
Quando se esvaiu o amor enternecido,
caída borda da tua ausência?
quando o entrelaçado da carência
ao aberto coração se deu vencido?
Senti às vezes tua fala ao meu ouvido,
qual desviado eco da existência,
tornar tua imagem à vivência
polas beiras onde jaz calmo o olvido.
Chegavas tu sobre o além em ar de onda
num tímido vento acariciado,
com um ardor de luz franca e redonda.
E meus olhos deram aconchegado
a fera dor onde para sempre esconda
deste meu ser o mal, triste aleijado.
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por Andre da Ponte | May 30, 2017 | Autores/as, Creación
Por estes versos tristes que lhe escrevo,
filhos do meu amor ortografado,
saberá a minha pena e meu cuidado
e que nada deve e eu todo lhe devo.
Se meu engenho dá, já não me atrevo
escrever o que o coração estragado
sente em si, golpe a golpe, tão penado
que, calando, a minha pena descrevo.
Fora grande ventura perto ver-vos
e, depois de vista, disposto a amar-vos
resignado a ser dó sem merecer-vos.
Pois resulta impossível olvidar-vos,
saiba que são estes versos protervos
as tulhas da paixão para guardar-vos.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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por Andre da Ponte | May 30, 2017 | Autores/as, Creación
Se nalgum dia, logo que
de ficar eu no decesso,
ouves crepitar as faíscas
do lume do meu relembro,
julga, amor, que além do espaço,
nas vertigens do silêncio,
todo este meu ser dolente
há de te seguir querendo.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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