Por estes versos tristes que lhe escrevo,

filhos do meu amor ortografado,

saberá a minha pena e meu cuidado

e que nada deve e eu todo lhe devo.

 

Se meu engenho dá, já não me atrevo

escrever o que o coração estragado

sente em si, golpe a golpe, tão penado

que, calando, a minha pena descrevo.

 

Fora grande ventura perto ver-vos

e, depois de vista, disposto a amar-vos

resignado a ser dó sem merecer-vos.

 

Pois resulta impossível olvidar-vos,

saiba que são estes versos protervos

as tulhas da paixão para guardar-vos.

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

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