ANDRÉ DA PONTE A DIAZ CASTRO

ANDRÉ DA PONTE A DIAZ CASTRO

#SalvemosACasadeDiazCastro

#ACasadaXente

Meus muito queridos amigos,

 há anos, já vão alá muitos anos, que escrevi este soneto do que me orgulho, pois penso que é dos mais belos e sentidos que já escrevi nunca.

 Espero desculpeis a minha vaidade, mas também é uma homenagem a dous amigos, dous artistas muito queridos e dous vilaregos de pró.

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 NO PASAMENTO DE DIAZ CASTRO

 “E um cão que ficava deitado, ergeu a cabeça e as orelhas: era Argos, o cão do pacente Ulisses, a quem criara, ainda que dpois não usara dele porque tivo de partir para a sagrada Ilião”

 (Homero)

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 Honor àquele que navegou os mares

para voltar à Pátria inesquecida

e envolto na saudade lentescida

nos trouxo a nau povoada de cantares.

Bogache junto a nós para nos dares

nimbos de luz, e agora, na partida,

fica um recendo a erva florecida,

Ulisses Diaz Castro dos Vilares.

Por Vilarinho a terra se outoniça

e bruam os bois longos letargos:

«Um passo adiante e outro atrás, Galiza»

Um dia hão voltar passos amargos

e bandeiras de Parga a Pastoriça

quando te reconheçamos. Como Argos.

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NOTA

 Raul Rio deu-me a má notícia do falecimento do grande poeta e eu escrevi este soneto em homenagem o dia de quarta-feira, 3 de Outubro de 1990.

O FLOREAR DA POESÍA

O FLOREAR DA POESÍA

As palabras entumecidas no inverno do poema

recobran a súa feitura florida

co bafexo cálido dunha mirada que traspasa

as fronteiras do medo.

Medra a poesía

coma ese río de auga insubmisa

que desborda as canles do corpo adormecido

e busca unha pel enxoita na que copular.

E multiplicarse

como faragullas do prístino verso.

As rúas da cidade olen a primavera que abrolla

entre leitos de pedra e frenesí:

é a vida das palabras percorrendo as veas do poema

até acender siluetas de sorrisos en cada fiestra.

Mondoñedo é… Poesía

feita festa!

*Programa de Mondoñedo é Poesía 2017

INSTANTE DO AMOR CONSUMADO

INSTANTE DO AMOR CONSUMADO

De mole e suave luz redimidos

meus olhos em teus olhos precipitam

uma manhã submersa, em que suscitam

as tardes onde avivam incendidos.

 

Os brilhos dos caminhos escondidos

enchem sonhos e luz possibilitam

centelhas de fulgor, onde palpitam

as entranhas que escondem seus latidos.

 

Curvado à paisagem da ternura

a vista se me aninha em ar de cores

e na íntima alegria se apressura.

 

A ansiedade dos campos e flores

polo teu brando olhar fica e perdura

pronto um mar ordenado de candores.

 

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

Imaxe: http://2.bp.blogspot.com/-INAR_WqQ1s8/Tqr0S-ZyiHI/AAAAAAAAAEM/yhDSSig8TuU/s1600/56d89461e7d93426d909dfa0d91db49959b3f85c.jpeg

PRIMEIRO AMOR

PRIMEIRO AMOR

Além fonte dos choupos do sendeiro

ia a tarde descendo demorada

e o suave cheiro na encruzilhada

batia ainda no céu soalheiro.

De mãos dadas, o rumo era um certeiro

rebolar da alegre alma ensimesmada

no alabastro sem ondas, e a dourada

meiguice terna me fez sobranceiro.

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Amor de salvação no remoinho

em que banho as lembranças dolorosas

de uma tarde de esperança e elegia.

Ainda o tempo ter cruel caminho,

sinto hoje em mim o perfume das rosas

daquele instante em que ao nascer morria.

(Do livro inédito Sonata dum quebrado violino)

Pintura: Campo de Coles, Pontoise.  Camille Pissarro, 1873

LEMBRANÇA DO AMOR

LEMBRANÇA DO AMOR

Os teus olhos guardaram mansamente

o doce aroma onde dormiu a rosa

tingindo minha lágrima amorosa

de ausente bico no meu lábio ardente.

No teu silêncio amei docemente

o latejo em tua alma temerosa

e fechei, já para sempre, a ardorosa

ânsia dum suspiro docilmente.

E busco a sombra que ficou transida

perdida numa tarde adolescente

quando, por um momento, amei a vida.

É no rigor do vazio onde, ausente,

me devora a lembrança fenecida,

passada, mas ainda tão presente.

(Do livro inédito: “Sonata dum quebrado violino”)