por Andre da Ponte | Abr 30, 2017 | Autores/as, Creación
#SalvemosACasadeDiazCastro
#ACasadaXente
Meus muito queridos amigos,
há anos, já vão alá muitos anos, que escrevi este soneto do que me orgulho, pois penso que é dos mais belos e sentidos que já escrevi nunca.
Espero desculpeis a minha vaidade, mas também é uma homenagem a dous amigos, dous artistas muito queridos e dous vilaregos de pró.
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NO PASAMENTO DE DIAZ CASTRO
“E um cão que ficava deitado, ergeu a cabeça e as orelhas: era Argos, o cão do pacente Ulisses, a quem criara, ainda que dpois não usara dele porque tivo de partir para a sagrada Ilião”
(Homero)
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Honor àquele que navegou os mares
para voltar à Pátria inesquecida
e envolto na saudade lentescida
nos trouxo a nau povoada de cantares.
Bogache junto a nós para nos dares
nimbos de luz, e agora, na partida,
fica um recendo a erva florecida,
Ulisses Diaz Castro dos Vilares.
Por Vilarinho a terra se outoniça
e bruam os bois longos letargos:
«Um passo adiante e outro atrás, Galiza»
Um dia hão voltar passos amargos
e bandeiras de Parga a Pastoriça
quando te reconheçamos. Como Argos.
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NOTA
Raul Rio deu-me a má notícia do falecimento do grande poeta e eu escrevi este soneto em homenagem o dia de quarta-feira, 3 de Outubro de 1990.
por martinho | Abr 29, 2017 | Autores/as, Creación
As palabras entumecidas no inverno do poema
recobran a súa feitura florida
co bafexo cálido dunha mirada que traspasa
as fronteiras do medo.
Medra a poesía
coma ese río de auga insubmisa
que desborda as canles do corpo adormecido
e busca unha pel enxoita na que copular.
E multiplicarse
como faragullas do prístino verso.
As rúas da cidade olen a primavera que abrolla
entre leitos de pedra e frenesí:
é a vida das palabras percorrendo as veas do poema
até acender siluetas de sorrisos en cada fiestra.
Mondoñedo é… Poesía
feita festa!
*Programa de Mondoñedo é Poesía 2017
por martinho | Abr 28, 2017 | Autores/as, Creación
De mole e suave luz redimidos
meus olhos em teus olhos precipitam
uma manhã submersa, em que suscitam
as tardes onde avivam incendidos.
Os brilhos dos caminhos escondidos
enchem sonhos e luz possibilitam
centelhas de fulgor, onde palpitam
as entranhas que escondem seus latidos.
Curvado à paisagem da ternura
a vista se me aninha em ar de cores
e na íntima alegria se apressura.
A ansiedade dos campos e flores
polo teu brando olhar fica e perdura
pronto um mar ordenado de candores.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
Imaxe: http://2.bp.blogspot.com/-INAR_WqQ1s8/Tqr0S-ZyiHI/AAAAAAAAAEM/yhDSSig8TuU/s1600/56d89461e7d93426d909dfa0d91db49959b3f85c.jpeg
por Andre da Ponte | Abr 28, 2017 | Autores/as, Creación
Além fonte dos choupos do sendeiro
ia a tarde descendo demorada
e o suave cheiro na encruzilhada
batia ainda no céu soalheiro.
De mãos dadas, o rumo era um certeiro
rebolar da alegre alma ensimesmada
no alabastro sem ondas, e a dourada
meiguice terna me fez sobranceiro.
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Amor de salvação no remoinho
em que banho as lembranças dolorosas
de uma tarde de esperança e elegia.
Ainda o tempo ter cruel caminho,
sinto hoje em mim o perfume das rosas
daquele instante em que ao nascer morria.
(Do livro inédito Sonata dum quebrado violino)
Pintura: Campo de Coles, Pontoise. Camille Pissarro, 1873
por Andre da Ponte | Abr 26, 2017 | Autores/as, Creación
Os teus olhos guardaram mansamente
o doce aroma onde dormiu a rosa
tingindo minha lágrima amorosa
de ausente bico no meu lábio ardente.
No teu silêncio amei docemente
o latejo em tua alma temerosa
e fechei, já para sempre, a ardorosa
ânsia dum suspiro docilmente.
E busco a sombra que ficou transida
perdida numa tarde adolescente
quando, por um momento, amei a vida.
É no rigor do vazio onde, ausente,
me devora a lembrança fenecida,
passada, mas ainda tão presente.
(Do livro inédito: “Sonata dum quebrado violino”)