Os teus olhos guardaram mansamente

o doce aroma onde dormiu a rosa

tingindo minha lágrima amorosa

de ausente bico no meu lábio ardente.

No teu silêncio amei docemente

o latejo em tua alma temerosa

e fechei, já para sempre, a ardorosa

ânsia dum suspiro docilmente.

E busco a sombra que ficou transida

perdida numa tarde adolescente

quando, por um momento, amei a vida.

É no rigor do vazio onde, ausente,

me devora a lembrança fenecida,

passada, mas ainda tão presente.

(Do livro inédito: “Sonata dum quebrado violino”)