INSTANTE DO AMOR CONSUMADO

INSTANTE DO AMOR CONSUMADO

De mole e suave luz redimidos

meus olhos em teus olhos precipitam

uma manhã submersa, em que suscitam

as tardes onde avivam incendidos.

 

Os brilhos dos caminhos escondidos

enchem sonhos e luz possibilitam

centelhas de fulgor, onde palpitam

as entranhas que escondem seus latidos.

 

Curvado à paisagem da ternura

a vista se me aninha em ar de cores

e na íntima alegria se apressura.

 

A ansiedade dos campos e flores

polo teu brando olhar fica e perdura

pronto um mar ordenado de candores.

 

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

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PRIMEIRO AMOR

PRIMEIRO AMOR

Além fonte dos choupos do sendeiro

ia a tarde descendo demorada

e o suave cheiro na encruzilhada

batia ainda no céu soalheiro.

De mãos dadas, o rumo era um certeiro

rebolar da alegre alma ensimesmada

no alabastro sem ondas, e a dourada

meiguice terna me fez sobranceiro.

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Amor de salvação no remoinho

em que banho as lembranças dolorosas

de uma tarde de esperança e elegia.

Ainda o tempo ter cruel caminho,

sinto hoje em mim o perfume das rosas

daquele instante em que ao nascer morria.

(Do livro inédito Sonata dum quebrado violino)

Pintura: Campo de Coles, Pontoise.  Camille Pissarro, 1873