PORQUE O AMOR SE TORNA PERDURÁVEL

PORQUE O AMOR SE TORNA PERDURÁVEL

Trinta anos de penar tenho passado

em galope fuga e ardor consciente,

e ao mundo lhe demandei consulente

o que foi do teu olhar nunca olvidado.

 

Trinta anos no peito tenho guardado

o fogo que queima e alimenta ausente.

Trinta anos a te lembrar tão silente.

Trinta anos que teus olhos têm reinado.

 

O tempo vai e a tua face perdura

guardada como um ícone que acende

trinta anos em queixume que me fura.

 

O lume que todo o meu ser transcende,

nem nos dias murcha, nem se arrepende

que em mim há caminhar pra a sepultura.

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

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Intres da memoria…

Intres da memoria…

Promesas de doces

alboradas

nunhos ollos tan fondos coma o mar

bicos de ás de bolboreta

latexando nos beizos

sen parar

eu ollei para ti con agarimo

e prometinche moito amor

da promesa só quedou un bico

e na roseira, unha triste flor

pero ti tamén te esqueciches

do que un día foi ilusión

tamén deixaches atrás o que prometiches

e o vento levou lonxe

as nosas verbas de doce amor

mentres a rosa, tristeira e soíña

sécase sen vida, no xarrón

lembrando que un día nos quixemos

e abrollou en nós unha ilusión

mais pola teima daquel bico

en door se trocou… aquel amor.

PENA NA PRISÃO DO AMOR

PENA NA PRISÃO DO AMOR

Se das cousas certas a memória

lembra-se no presente confirmado,

não dissipem as sombras do afastado

e sejam provas da minha história.

 

Conste assim na causa acusatória

de todo este o meu penar encerrado.

Justo que à pena seja penado

por esta espinha da minha glória.

 

Desde que nada tenho já mais deixar,

assino aqui o soneto da minha herda.

no branco caderno deste memento.

 

Fique à penitência de implorar

que, sentido o sentimento da perda,

não perda de guardar o sentimento.

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

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