Se das cousas certas a memória

lembra-se no presente confirmado,

não dissipem as sombras do afastado

e sejam provas da minha história.

 

Conste assim na causa acusatória

de todo este o meu penar encerrado.

Justo que à pena seja penado

por esta espinha da minha glória.

 

Desde que nada tenho já mais deixar,

assino aqui o soneto da minha herda.

no branco caderno deste memento.

 

Fique à penitência de implorar

que, sentido o sentimento da perda,

não perda de guardar o sentimento.

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

https://nomadasfsg.files.wordpress.com/2012/07/escritor-preso.jpg?w=490&h=286