Alexander Sergueievitch Pushkin (em russo: Алекса́ндр Серге́евич Пу́шкин; Moscovo, 26 de maio, calendário juliano; segundo o gregoriano:  6 de junho de 1799 — São Petersburgo, 29 de janeiro, segundo o calendário juliano; 10 de fevereiro de 1837, segundo o gregoriano).

O poema que deixo para todos vós é, talvez, o poema de amor mais conhecido do grande poeta russo. Escrito em 1829, ainda a historiografia e os eruditos dedicados ao estudo do magnífico poeta, romancista, dramaturgo e fundador da literatura russa moderna, andam pesquisando quem foi a musa e destinatária de tão fermoso poema. Aleksandr Pushkin não deixou nemhuma pegada (nem nos seus borradores, nem no original) de quem foi esta misteriosa desconhecida que lhe inspirou tão extraordinária obra.

O genial poeta cria ao longo do poema uma tensão emocional ao empregar  sabiamente os recursos de aliteração (o som do “L” no original acrescenta os delineamentos duma funda tristeza, à par de uma delicada ternura) junto com a.repetição da ideia “Eu amei-a” a par dum paralelismo sintáctico empregado com enorme talento faz deste grande poema um dos favoritos – se não é o predilecto – dentre as muitas e grandes obras criadas por este autor que tanta influência teria em escritores como Dostoievski, Gógol, Tiútchev ou Tolstoi ou em compositores como Chaikovski ou Musorgski.

Como sempre, o original vai embaixo da tradução.

 

Eu amei-a: talvez ainda haja amor

Na minha alma e nunca se apagou;

Embora não se preocupe mais por mim;

Não quero que nada a amargure.

Eu ameia-a em silêncio, desesperado

Afligido pola timidez, às vezes polos ciúmes;

Eu ameia-a com todo o meu coração, com todo o meu ser terno,

Que seja amada polo outro então espero.

(1829)

 

Я вас любил: любовь еще, быть может,

В душе моей угасла не совсем;

Но пусть она вас больше не тревожит;

Я не хочу печалить вас ничем.

Я вас любил безмолвно, безнадежно,

То робостью, то ревностью томим;

Я вас любил так искренно, так нежно,

Как дай вам бог любимой быть другим.

 

Александр Пушкин

(1829)

 

A MORTE DE PUSHKIN, pintura de Dmitry Anatolievich Belyukin

 

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