SANÇÃO DO CORAÇÃO LASTIMADO
Traio prendido firme no pescoço
pesado, grave e rigoroso jugo.
Pra mim sou cruel juiz e verdugo,
um desprezível carrasco ao meu algozo.
Apenas sou espantalho pra remoço:
enquanto minhas lágrimas enxugo
é só do meu sofrer que aflição sugo
maldizendo o coração que destroço.
Nada alegarei do mal ante os mortais;
meu coração ruim e desumano
fique preso no erro cometido.
E mais não me tenham dó, porque jamais
hei tirar a escravatura em que afano
ser tão somente um tormento afligido.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/cd/a3/c8/cda3c85f112cb9d4d8458dbab630290a.jpg