CANÇÃO SEM PALAVRAS
E eu que de tanto amá-la
nem sabia que a queria…
Cruel dor já só me resta
aprofundando na ferida…
E eu, que tanto a amava
e era então que não sabia….
E eu, que tanto a sonhei
como sonha a flor a água fina…
Como fervença em névoas passadas
desce quanto o recordo cria
e resta daquele pouso
uma saudade maldita…
(Como é que miravam seus olhos,
a sua fala, como recendia?
Qual foi a mão que abalou o vento
e deixa agora a tristeza prendida?
Como cheiravam os seus cabelos?
E a aflição infinita
bate como martelo na alma
onde só a soidade fica…)
Agora que já todo perdi,
ainda que as minhas mãos a perdê-la se resistam,
fica comigo dor,
pegada bem-querida.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
https://presentepravoce.files.wordpress.com/2010/07/pegadas-na-areia.jpg