Se algum dia, infeliz, triste renego

da luz que tu me deste do teu seio

que fique tolhida a alma que carreio

e me ache sem siso, sombrio e cego.

 

E se algum dia abjuro do aconchego

dos bicos que deste em afagueio,

vede-se a minha vida no gradeio

do esqueço e no mais baixo desapego.

 

Se algum dia renuncio àquela aurora

e a todo o que derramaste em minha alma

e que aqui se afiança em sentimento,

 

que o meu coração se trilhe nessa hora

e mais não tenha já gota de calma,

nem sequer seja eco levado ao vento.

(Do livro inédito SONATA DUM QUEBRADO VIOLINO)