Não quero já a alegria

que não seja prendada por teus olhos,

nem o prazer do vento,

nem o sabor da lua,

nem o dourado trigo em seu orgulho.

 

As ervas olorosas,

a música pausada dum violino,

as doces senhardades

que o castanheiro cede,

são pequenas cousinhas ao teu passo.

 

Hoje o meu coração está brilhante,

e canta a cotovia

na frescura do ninho.

O destino que o caminhar compassa

são as luzes de amor ao teu cuidado.

 

Minha alma não ousa ficar sozinha

sem vibrar no teu sangue,

sem música aos teus lábios,

sem firme ar sereno

aberto par em par a tua ansiedade.

 

É por ti. Tão só a ti que procurava.

Ó cálido tremor! Ó fugitivo

bálsamo de candores,

eterna maravilha,

loura matéria banhada em seiva!

 

Quebrando a sua medida,

cercado íntimo lume

de pertinaz constância,

consolarão, para além da carícia,

a pura liberdade sempre aberta.

 

Coração duma fatiga

em ti se a apaga a sede, minha amada,

e aperto estreitamente

o calor que te cerca e te possui,

a paixão que levanta.

 

A minha mocidade como chanta

fica e todo o devora;

Mais outra vez na cinza

que exige lume e alimento,

arrumarão os dias.

 

E assim, amor do meu amor constante,

quando a sombra apague a luz dos rigores,

e os valados sejam meus firmes cimos,

quando o peso do tempo te possua,

serei tua luz mais cheia.

 

(Do livro inédito: “Sonata dum quebrado violino”)

 

 

 

*Imaxe: http://1.bp.blogspot.com/_h5WxwczlRKs/TOL6qvmfYbI/AAAAAAAAAE0/EK9xo83R8dE/s1600/natureza-na-mao-73445.jpg