Não quero já a alegria
que não seja prendada por teus olhos,
nem o prazer do vento,
nem o sabor da lua,
nem o dourado trigo em seu orgulho.
As ervas olorosas,
a música pausada dum violino,
as doces senhardades
que o castanheiro cede,
são pequenas cousinhas ao teu passo.
Hoje o meu coração está brilhante,
e canta a cotovia
na frescura do ninho.
O destino que o caminhar compassa
são as luzes de amor ao teu cuidado.
Minha alma não ousa ficar sozinha
sem vibrar no teu sangue,
sem música aos teus lábios,
sem firme ar sereno
aberto par em par a tua ansiedade.
É por ti. Tão só a ti que procurava.
Ó cálido tremor! Ó fugitivo
bálsamo de candores,
eterna maravilha,
loura matéria banhada em seiva!
Quebrando a sua medida,
cercado íntimo lume
de pertinaz constância,
consolarão, para além da carícia,
a pura liberdade sempre aberta.
Coração duma fatiga
em ti se a apaga a sede, minha amada,
e aperto estreitamente
o calor que te cerca e te possui,
a paixão que levanta.
A minha mocidade como chanta
fica e todo o devora;
Mais outra vez na cinza
que exige lume e alimento,
arrumarão os dias.
E assim, amor do meu amor constante,
quando a sombra apague a luz dos rigores,
e os valados sejam meus firmes cimos,
quando o peso do tempo te possua,
serei tua luz mais cheia.
(Do livro inédito: “Sonata dum quebrado violino”)