DAS MINHAS TRADUÇÕES
TRADUÇÃO DO QUINTO E ÚLTIMO SONETO DE “CRISTO NO MONTE DAS OLIVEIRAS” DE GÉRARD DE NERVAL

V

Era ele o louco, o sublime enagenado…

O esquecido Ícaro que aos céus se aproxima,

O Fáeton perdido polos deuses tocado,

Este belo Atis que Cibeles reanima!

 

O augure escrutava o costado da vitima,

Com seu sangue embriagava a terra em paroxismo…

O universo todo sobre os eixos pendia

E o Olimpo um instante vacilou para o abismo.

 

«Respondei! Gritou César a Júpiter Amom,

Quem é este novo deus que se impõe sobre a terra?

E se não é um deus, acaso uma maldição…»

 

Mas o oráculo invocado o auspicio encerra;

Só ele explicar pode a misteriosa chama:

Aquele que deu sua alma polos filhos da lama.

 

 

[Tradução segundo a edição de Les Chimères de Michel Lévy frères, 1856]

V

C’était bien lui, ce fou, cet insensé sublime…

Cet Icare oublié qui remontait les cieux,

Ce Phaéton perdu sous la foudre des dieux,

Ce bel Atys meurtri que Cybèle ranime!

 

L’augure interrogeait le flanc de la victime,

La terre s’enivrait de ce sang précieux…

L’univers étourdi penchait sur ses essieux,

Et l’Olympe un instant chancela vers l’abîme.

 

“Réponds! criait César à Jupiter Ammon,

Quel est ce nouveau dieu qu’on impose à la terre?

Et si ce n’est un dieu, c’est au moins un démon…”

 

Mais l’oracle invoqué pour jamais dut se taire;

Un seul pouvait au monde expliquer ce mystère:

-Celui qui donna l’âme aux enfants du llllimon.

 

CRISTO NO MONTE DAS OLIVEIRAS. ÓLEO SOBRE TELA DE ANTON RAPHAEL MENGS (1769) 185 x 185 cm.

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