DAS MINHAS TRADUÇÕES
TRADUÇÃO DO SEGUNDO SONETO DE “CRISTO NO MONTE DAS OLIVEIRAS” DE GÉRARD DE NERVAL
II
Prosseguiu: «Tudo morreu! Eu percorri os mundos
Por lácteas veredas perdi-me em peregrinagem
Tão longe onde a vida, no seus copos fecundos,
Esparge areias de ouro num argênteo ondagem.
Por todo o lado deserto em ondas profundas,
Turbilhões confusos de oceano agitado…
Um sopro vago agita esferas vagabundas,
Mas nas imensidades, nenhum espírito achado.
Procurei o olho de Deus, só vi conca vazia
Vasta, negra e sem fundo, da noite morada
que irradia sobre o mundo e sem cessar o enfria;
Um raro arco iris rodeia a sima geada,
Umbral do velho caos cuja sombra é o nada,
Espiral que aos Mundos e aos Dias engolia!
[Tradução segundo a edição de Les Chimères de Michel Lévy frères, 1856]
II
Il reprit : « Tout est mort ! J’ai parcouru les mondes ;
Et j’ai perdu mon vol dans leurs chemins lactés,
Aussi loin que la vie, en ses veines fécondes,
Répand des sables d’or et des flots argentés :
Partout le sol désert côtoyé par des ondes,
Des tourbillons confus d’océans agités…
Un souffle vague émeut les sphères vagabondes,
Mais nul esprit n’existe en ces immensités.
En cherchant l’œil de Dieu, je n’ai vu qu’un orbite
Vaste, noir et sans fond ; d’où la nuit qui l’habite
Rayonne sur le monde et s’épaissit toujours ;
Un arc-en-ciel étrange entoure ce puits sombre,
Seuil de l’ancien chaos dont le néant est l’ombre,
Spirale, engloutissant les Mondes et les Jours ! »
Frontispicio do livro de Eûgene de Mirecourt, Gérard de Nerval (París 1854), ornado com um grabado segundo um daguerreótipo de Adolphe Legros e manuscrito de Nerval (je suis l´autre: “eu sou o outro”).
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