ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (X)
Yabra Ibrahim Yabra
جبرا إبراهيم جبرا
Quibia12
Balas
na noite de lua cheia
sulcaram lombas e caminhos.
Balas
bateram contra os valados
e portas e janelas espancaram
direitas contra os corações e as entranhas.
Balas
trás as pedras,
através dos desfiladeiros,
trás os sacos de areia.
Balas.
Murtas de sangue polas* pedras se espalham
e nas paredes ornamentos de sangue.
Balas
e gelignita
atiram os corpos às hienas.
Semeamos o trigo, mas não o colheitamos,
regamos as videiras, mas não bebemos do vinho.
Em vão se banhara a noite nossa com recendo a laranjeiras.
Corre o nosso sangue pola* terra vermelha,
e polas* pedras.
Sob exércitos de formigas procurai as nossas mãos.
Fechai as portas,
apartai-vos das janelas,
ocultai-vos da lua,
amparai-vos da noite.
Mas, são de madeira as portas
e as janelas não se fazem para evitar
o ar, a lua,
a gelignita
e os dentes caninos das hienas.
O coração é de ferro, mas
para as balas, a gelignita e os caninos
mais débil é que a madeira.
os braços de Fátima circundam o corpo de Hasán:
Uma poça de sangue,
e do pai de Hasán não resta
mais que o qumbaz13 em farrapos.
Buscai-os sob as pedras
e juntai os braços aos corpos.
Nós semeamos o trigo, mas não o colheitamos,
espargimos água nas videiras, mas não bebemos o vinho.
Banhou-se em vão a nossa noite com o recendo das laranjeiras.
Corre o sangue nosso pola* terra vermelha
e polas* pedras.
Buscai as nossas mãos sob os exércitos de formigas.
Balas
batem nas pedras.
Gelignita.
A noite atormenta
entre as nossas oliveiras e videiras.
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12 Aldeia da Cisjordânia, cuja população foi massacrada por tropas do Estado de Israel na tarde do 14 de Outubro de 1953. Esse dia Ariel Sharon dirigira as tropas assassinas.
13 Saio tradicional árabe.