ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (V)
Abu Salma
(Abd al-Karim al-Karmi)
عبد الكريم الكرمي
No teu nome
Palestina, no teu nome estamos no campo da batalha,
em pé combatemos nesta guerra.
Que de vezes quiseram riscar o nome de Palestina
e extinguir o latejo das linhagens!
Sóis rutilam em cada letra do teu nome
e alumia mil manhãs cada sol.
O meu povo sobre fogo caminha,
apaga com lume a vergonha,
atravessa sobre a ponte da morte
que faz germinar a vida dos homens livres.
O sangue dos meus é como facha
que em fileira levam os revolucionários.
Por vezes ateam-se em Nablusa,
outras em al – Aguar,
e a sua claridade exibe Palestina
junto à história do seu povo poderoso.
O meu coração rente deles está nas vermelhas batalhas,
guirnaldas fundas som as suas feridas.
A par deles nas tendas no horizonte largo,
na geada e a troada.
Em Palestina, ao longo do tempo, imorredoiros
como montes e rios eternos,
somos as cantigas do Iarmuk6 e de Hattim7 .
A poeira somos da sua recendente terra
e os seus arbustos cingidos às rosas
defronte ao vento e à chuva.
Somos a oliveira de fundas raízes
e origem de qualquer esperança.
Quem dirige um exército para a morte pola* pátria
não é como quem o guia para a fugida.
Vós, que governais no nome da pátria minha
que é o que tramais trás as cortinas?
Cimeiras? Que cimeiras? Palestina
segue atrás das lágrimas e as muralhas.
Cimeiras de governos? Que cimeiras de governos
construídas sobre humilhação e ignomínias?
Estas capitais, logo de Jerusalém, hão-se tornar
peças de museu.
O Barada, o Eufrates e o Nilo,
se o Jordão não se recupera, lágrimas fluentes hão ser.
Pregunto polos* escondidos
na negridão do petróleo e dos poços,
polos* que depois da derrota não vejo,
polos* que se converteram numa triste notícia.
Cimeiras negras para os grandes
que pola* manhã chegam ao fundo da vilania.
Se uma mulher os esbofeteasse
existiria ainda um consolo.
Determinaram avançar na luita*
e foram para frente detrás do decreto,
tiraram-nos a liberdade de morrer
para se gabar diante do imperialismo.
Mal não se gastará o nosso sangue. Palestina
triunfará sobre os poderosos criminais.
Ante ela há se derrubar o poder e o sólio real
e cairá o poder do dinheiro.
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6 Rio no Noroeste de Palestina, afluente do Jordão, confinante com a Síria e a Jordânia. À beira dele o exército árabe do califa Umar, sob o mando de Jaled b. al-Walid, derrotou numa batalha célebre, ao exército de Bizâncio em 20 de Agosto de 636 (Historia del Estado Bizantino, G. Ostrogorsky, Editorial Akal, Madrid, 1983, pág. 123; Historia de Bizancio, Emilio Cabrera, Editorial Ariel, Barcelona 1998, pág. 77).
7 Aldeia palestina no noroeste de Tiberíade onde triunfara Saladino numa grande batalha sobre o exército cruzado dos francos em 4 de Julho de 1187 (Historia de las Cruzadas, Mijail Zaborov, Editorial Sarpe, Madrid, 1985, pág. 130; Las cruzadas vistas por los árabes, Amin Maalouf, Ediciones del Prado, Madrid, 1994, págs. 212-214)