Começo hoje uma antologia da poesia palestina moderna que, penso, é muito pouco conhecida não apenas fora do mundo árabe em geral e palestino em particular, mas que é quase desconhecida no mundo que fala, lê e escreve em galego-português.

De aquí a pocuo enviarei para ser publicado em formato PDF, após escrever um prólogo que a torne notada detro da trágica história deste povo mártir dos nossos tempos.

Assim que, encetemos.

 

 

 

Ibrahim Abd al-Fattah Tuqan – I

 

إبراهيم طوقان‎

 

Ibrahim Tuqan nasceu em Nablus em 1905. Recebeu escolarização elementar na escola al-Gharbiyya da sua cidade natal, mais tarde na escola al-Motran de al-Quds (Jerusalém), culminados na Universidade Americana de Beirute (1923-1929). Ministrou aulas como professor da literatura árabe na escola nacional do al-Najah (agora Universidade) de Nablus.

Com dezaoito anos publica os seus primeiros versos e com vinte e dous já é reconhecido como grande poeta. Primeiro director da secção árabe do Rádio Jerusalém durante quatro anos, é expulso do seu emprego polas suas públicas intervenções patrióticas.

Nunca deixou de advertir que Palestina haveria cair sob a ocupação colonial sionista e que o povo árabe seria expulso da sua própria pátria. Lamentavelmente a profecia cumpriu-se sete anos após o falecimento do poeta no Hospital Francês de Jerusalém em dous de maio de 1941.

A sua irmã Fadwa Tuqan dedicou-lhe uma comovedora biografia: Aji Ibrahim (meu irmão Ibrahim), publicada em al-Quds em 1946.

O Diwan Ibrahim Tuqan recolheu toda a sua poesia publicada após a sua morte.

 

Vós-outros

 

Vós, os devotos patriotas,

vós, os que levais a carga da “questão”,

vós, quem sem falar, em acção vos pondes…,

abençoe Deus os vossos fortes braços!

Que de “declarações” vossas valem o que um exército

poderoso com todos os apetrechos de trás!

Que de “congressos” vossos nos restauram

a pretérita glória das conquistas dos Omíadas2!

Com as floridas festas que vêm

o final do país está a chegar.

Reconhecemos, sim, os vossos “favores”,

não obstante um desejo ainda nos bate na alma:

Visto que ainda possuímos um pedaço de país,

repousai um bocado, não vaia ser que o perdamos, como o resto!

 

 

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2 O Califado Omíada (em árabe:الأمويون / بنو أمية; transliterado: Umawiyy) foi o segundo dos quatro principais califados islâmicosestabelecidos após a morte de Maomé. Era centrado na dinastia Omíada, originários da Meca, Arábia Saudita. A família Omíada chegara ao poder durante o governo do terceiro califa, Otomão (r. 644–656), contudo a dinastía omíada foi fundada por Moáusia I, governador da Síria, após o fim da Primeira Guerra Civil Islâmica em 41 ano da Hégira (661 do calendário ocidental). Foi assim que a Síria se constituiu como a base da força da nova dinastia, com Damasco com a sua capital. Com a sua ascensão, a dinastia Omíada começou uma enorme expansão polo Cáucaso, a Transxónia, Sinde, o Magrebe e grande parte da Península Ibérica (al-Andalus) alcançando os 15 000 000 km², fazendo do império muçulmano o maior que se tinha visto até então e o quinto maior que o mundo tenha visto.