LEMBRAS-TE, AMOR, DAQUELA NOITE?

LEMBRAS-TE, AMOR, DAQUELA NOITE?

Aquela noite, tão cálida e mística,

com suave perfume de narciso,

era um encanto dum eco impreciso

como de remota visão artística.

 

Caladinha, a lua cabalística

dissimulou, acanhada, o seu sorriso

nos ramos dum carvalho, de improviso,

com uma candura panteística.

 

E fora, então, num bico apaixonado,

que te rendi todo o meu amor aceso

que do meu coração foi libertado.

 

E fora, então que do teu peito opresso

germinou um suspiro doce, embalado

como um pássaro no ninho indefeso.

 

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

 

 

 

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