IL CANZONIERE – RERUM VULGARIUM FRAGMENTA (Soneto CXXXII verquido ao galego por André Da Ponte)

 IL CANZONIERE – RERUM VULGARIUM FRAGMENTA (Soneto CXXXII verquido ao galego por André Da Ponte)

Das minhas traduções

 

MAIS OUTRO SONETO DE FRANCESCO PETRARCA VERTIDO EM GALEGO-PORTUGUÊS

 

SONETO CXXXII 

Se amor não é, o que é isto que eu sento?
Mas se é amor, por Deus, que cousa é qual?
Se boa, porque é fruto agre e mortal?
Se má, porque tão doce é o seu tormento?

Se com gosto ardo, porque o meu lamento?
Se ao meu pesar, o porque um pranto tal?
Oh, viva morte! Oh, delituoso mal!
porque podes em mim, se eu não consento?

E se te alento, erro grave é queijar-me.
Com ventos avessos vai minha nave
e no alto mar me encontro sem governo,

tão leve de saber, de erro tão grave,
que não sei bem que quero aconselhar-me
e se no vrão tremo, ardo no inverno.

 

Francesco Petrarca (Arezzo, 20 de julho de 1304 – Arquà, 19 de julho de 1374)

 

Il Canzoniere   Rerum vulgarium fragmenta

 

SONETTO CXXXII 

 

S’amor non è, che dunque è quel ch’io sento?

 

S’amor non è, che dunque è quel ch’io sento?
Ma s’egli è amor, perdio, che cosa et quale?
Se bona, onde l’effecto aspro mortale?
Se ria, onde sí dolce ogni tormento?

S’a mia voglia ardo, onde ’l pianto e lamento?
S’a mal mio grado, il lamentar che vale?
O viva morte, o dilectoso male,
come puoi tanto in me, s’io no ’l consento?

Et s’io ’l consento, a gran torto mi doglio.
Fra sí contrari vènti in frale barca
mi trovo in alto mar senza governo,

sí lieve di saver, d’error sí carca
ch’i’ medesmo non so quel ch’io mi voglio,
et tremo a mezza state, ardendo il verno.

 

 

 

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IL CANZONIERE – RERUM VULGARIUM FRAGMENTA de Francesco Petrarca (Soneto CCXCII traducido ao galego por André Da Ponte)

IL CANZONIERE – RERUM VULGARIUM FRAGMENTA de Francesco Petrarca (Soneto CCXCII traducido ao galego por André Da Ponte)

Das minhas traduções

 

UM SONETO DE FRANCESCO PETRARCA TRADUZIDO PARA GALEGO-PORTUGUÊS

 

 

CCXCII

 

Os olhos que eu cantei tão vivamente,

e os braços, mãos e pés e o doce viso

que me tinham tão fora do meu siso

fazendo-me distinto da outra gente;

 

Os caracóis, puro ouro reluzente,

e o tão claro e angélico sorriso,

que tornavam o mundo um paraíso,

apenas já são pó que nada sente;

 

E, vivo ainda eu, sofro e desdenho,

pois fico sem o lume que amei tanto,

em grã fortuna e desarmado lenho.
Finda hoje aqui o meu amante canto:

seca está a fonte de que fui engenho

e a minha cítara mudada em pranto.

 

Francesco Petrarca (Arezzo, 20 de julho de 1304 – Arquià, 19 de julho de 1374)

 

Il Canzoniere   Rerum vulgarium fragmenta

 

CCXCII

 

Gli occhi di ch’io parlai sí caldamente,
et le braccia et le mani et i piedi e ’l viso,
che m’avean sí da me stesso diviso,
et fatto singular da l’altra gente;

le crespe chiome d’òr puro lucente
e ’l lampeggiar de l’angelico riso,
che solean fare in terra un paradiso,
poca polvere son, che nulla sente.

Et io pur vivo, onde mi doglio et sdegno,
rimaso senza ’l lume ch’amai tanto,
in gran fortuna e ’n disarmato legno.

Or sia qui fine al mio amoroso canto:
secca è la vena de l’usato ingegno,
et la cetera mia rivolta in pianto.

 

 

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bd/Francesco_Petrarca..jpg