COMO NASCE A LEMBRANÇA?
Aqui a molhada erva, e acolá a serra
e no meio a tua presença ausente.
Sussurra o vento um ermo som silente
de passos passados presos na terra.
A brisa leve no centeio enterra
uma briga de adeuses e se sente
polos alqueires da alma, tão presente!,
um queixume fundo e o calar encerra.
Meu amor!, como é que nasce a lembrança?
Como surge essa ardência poderosa?
Como arranca a dor que comigo avança?
A sombra responde e pára a história
nos chovidos degraus. Roda a rosa
na solidão murcha da memória.
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