CODA
Cego ando por eu tanto ter chorado,
bágoas a centos tenho vertido,
não se admirem se em rios dividido
ou em mares não me tenha derramado.
Meu coração, aflito e aprisionado,
tem dor em si próprio guarnecido
e assim nos meus poemas tem sentido
o sofrimento onde fico barrado.
Eu, que conheci o amor e a fermosura,
permaneço já só com meu quebranto
e a prolongada infinita loucura.
Que finde o ousado livro com meu pranto
inundado por versos de tristura.
Feche-se aqui meu dolorido canto.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]