A ÚLTIMA CHAMADA POR TELEFONE
Foi o último alento, o postreiro fio
deixando em dor a vida atravessada.
Foi um adeus sem adeus duma chamada
naquele respirar distante e frio.
Percorre-me ainda o corpo um arrepio
se penso em tua voz encadeada
e sinto que era alegre a tua mirada
e sei bem que o meu um crime no vazio.
Regressa em mim, já fantasma e afastado
sem bicos para o lábio, aquele alento
e desse telefone o som colgado.
E maldigo sem fim esse momento
em que fui eu ruim tolo arrebatado,
néscio sem perdão e mais violento.
[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]
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