ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (XVII)
Samih al-Qassim
سميح القاسم
Samih Al-Qassim nasceu em Zarqá, Transjordânia (actual Jordânia) em 11 de maio de 1939 onde o pai, capitão dos guardas de fronteira, estava de guarnição. Provém duma família de intelectuais e imãs drusos originários de Ramah. Cursos estudos secundários em Nazaré e mais tarde de filosofia e economia política em Moscovo, interrompidos para se consagrar à poesia. A sua actividade militante desenvolve-se, principalmente em jornais e revistas em língua árabe, al-Ittihad, al-Ghad e al-Jadid e dirige a editora Arabisque, redator-chefe do jornal Kull al-Arab (Todos os árabes) e presidente da União dos Escritores Árabes.
Pelas suas actividades foi várias vezes encarcerado, expulso do seu trabalho e posto em arresto domiciliário. É director da Fundação Popular das Artes em Haifa.
Entre a sua produção são de salientar Dammi ala kaffi (O meu sangue na palma da mão, 1967) e Rihlat a-saradib al-muhichat (Carta de viagem para o fundo das covas desertas, 1969).
Os lábios cortados
Poderia eu ter contado
a história do rouxinol assassinado.
Poderia ter contado…
se não me tivessem cortado os lábios.
Ainda e todo
Atai-me as mãos
vedai-me os livros,
os cigarros,
amordaçai-me os lábios com areia.
A poesia é sangue,
água dos olhos,
imprime-se com as unhas,
as órbitas,
os cuitelos*.
Hei-a declamar
nos cárceres,
no banho,
no curral,
sob o látego
e a violência dos grilhões.
Um milhão de páxaros*
dentro das minhas entranhas
ideiam o hino de combate.