MAIS OUTRA VEZ ROSSINI E O SEU CÉLEBRE “LARGO AL FACTOTUM”, por André Da Ponte

Abondando em Rossini, apresento, mais outra vez, uma peça enormemente popular do rico património operístico (e não só!) de quem foi chamado por Giuseppe Verdi “O Cisne de Pésaro”.

Vamos falar algo em torno ao grande Rossini.

Gioachino Antonio Rossini nasceu numa família de músicos em Pésaro, cidade que se acha na costa do mar Adrático, na Itália. Seu pai, Giussepe, chamado o vivaz, era trompista (de corno inglês. Ainda não fazendo parte da família dos oboés, como podem ser o oboé píccolo, o oboé baixo e o oboé contrabaixo, o corno inglês é um instumento que pode ser catalogado como um oboé tenor, onde o oboé propriamente dito faria parte da corda das sopranos, o oboé d´amore, a de contralto e o oboé baixo, a corda dos baixos) e inspetor de matadouros e sua mãe, Anna Guidarini, filha dum padeiro.

Cedo começou a sua educação musical, começando polo seu próprio pai, apreendendo a tocar a espineta com o vinhateiro Giuseppe Prinetti, depois com o padre Giuseppe Malerbi, de Novara, onde puido consultar a biblioteca deste cura que possuia grandes composições dos tempos que se passaram e com só seis anos já tocava o triángulo na banda à que pertencia o pai.

Por causa de ser seu pai um fervoroso seguidor da Revolução Francesa e dar as boas-vindas às tropas de Napoleão quando invadiram o norte da Itália e, após restaurarem os austríacos o antigo régime em 1796, seu pai foi preso. A mãe decidiu enviar ao prometedor rapaz para a Bolonha, onde ela passou a ganhar a vida como cantora nos diversos teatros da região da Romanha. Seu pai, afinal, puido se reunir com o resto da famíla e voltar tocar a trompa nos diversos teatros onde a mãe, Anna, cantava. Mudado, então, para Bolonha tivo como professores, primeiro ao sacerdote Angelo Tesei e, entrou no prestigioso Liceu Musical, sob a tutela do cura Stanislao Mattei, ganhando um prémio por uma cantata que tinha composto aos dezasseis anos.

Como cravista (cravo é denominado qualquer dos membros de instumentos musicais de tecla, incluíndo aí aos grandes instrumentos como os propriamente ditos cravos, mas também os menores como o virginal, o virginal muselar e a espineta. Todos eles têm a característica de serem de cordas pinçadas, isto é, geram o som beliscando a corda, em troca de percuti-la como o piano ou o clavicórdio) acompanhante nos teatros, Rossini foi chamado para compor uma ópera breve em 1810 (La cambiale di matrimonio) e, como consequência do seu grande êxito, foi chamado para se mudar a Veneça e Milão. Foi tal o sucesso das suas obras que a sétima ópera ( La pietra del paragone – 1812) permaneceu no palco de La Scala por nada mais e nada menos que cinquenta e três funções iniciais. Foi deste jeito que Rossini se converteu no primeiro compositor do seu tempo, ainda contando apenas com vintecinco anos de idade. Nesta época da sua fértil existência é que o Cisne de Pésaro elevou o género bufo à perfeição musical.

Em 1815 o empresário Domenico Barbaija contrata-o para estrear em Nápoles com a subenção do Governo com a finalidade de apresentar no Teatro San Carlo e no Teatro Del Fondo, escrevendo para as vozes mais importantes da altura como Manuel Garcia e Isabella Colbran – que haveria se tornar andando o tempo na esposa de Rossini – Giovianni Rubini e outros. Nesta época é que dá renda solta à sua prodigiosa imaginação musical e creatividade começando a percorrer toda a Itália abrangendo todos os géneros, tanto a ópera séria como a semi-séria e a bufa, cuja influência foi duradoura não só nos seus contemporâneos, mas também nos posteriores e as suas melodias converteram-se em fitos imarcesíveis e permanentes.

Em 1816 dá para a estreia no Teatro Argentina de Roma, com o argumento de Cesare Sterbini, uma das grandes obras do repertório operístico de todos os tempos: Il barbiere de Siviglia (O barbeiro de Sevilha). Baseada na trilogia do escritor francês Pierre-Augustin de Beaumarchais (lembremos que a segunda parte, Le nozze di Figaro, As bodas de Fígaro, foi musicada polo genial Wolfgang Amadeus Mozart). Nas primeiras representações foi um absoluto fracasso, mas depois o mesmo Giuseppe Verdi haveria de colocá-la como uns dos cimos das obras musicais encenadas. Antes do nosso compositor o respectado autor de Tarento, Giovanni Paissiello, puxera em música esta obra, mas Rossini apagou do cartel esta obra, como também a doutros grandes compositores do momento como Nicola Antonio Zingarelli, Carlo Coccia, Ferdinando Paër, Saverio Marcadante, Simon Mayr e o próprio Paissiello.

Em 3 de vereriro de1823 apresentou a sua última ópera na Italia, Semiramide (Semíranis) baseada na obra Tragédie de Sémiramis de Voltaire (Esta ópera, a derradira encenada na Itália, foi exibida com o papel da primeira esposa de Rossini, Isabella Colbran (além de soprano, também compositora, nascida em Madrid em 28 de fevereriro de 1784 e falecida em Castenaso – comuna italiana pertencente à cidade de Bolonha, na Romanha – o 7 de outubro de 1845.

Depois desta apresentação o fecundo músico desloca-se para Paris onde as suas obras têm uma acolhida triunfal.

Foi assim que em 30 de julho de 1824 tornou-se directeur de la musique et de la scène no Théâtre-Italien sob a obriga de compor, polo menos, para a Opéra. A primeira ópera composta na cidade francesa foi Il viaggio a Reims (A viagem a Reims), em honra do rei Carlos X, e estreada em 19 de junho de 1825 no mesmo Théâtre Italien, da que só se puderam representar três vezes em cena.

Pouco depois, Rossini deu ao lume a sua última grande obra, Guglielmo Tell (Guilherme Tell), autêntica obra mestra que se coloca a cavalo do classicismo e o romanticismo, em 3 de agosto de 1829. Foi a sua definitiva consagração, mas também, a derradeira grande obra do genial italiano. Ainda lhe restavam quarenta anos mais de vida.

Apenas adicado a sua grande paixão, a gastronomia (os turnedós Rossini é um dos pratos tradicionais da cozinha francesa e atribuído ao grande compositor), compôs algumas breves peças musicais – já sem o alento das suas grandes obras operísticas -.

Separado legalmente em 1837 da sua primeira mulher, Isabella Colbran, foi-se viver com Olympe Pélissier (nascida Olympe Louise Alexandrine Descuillers, Paris, 9 de maio de 1799 e morta aos 78 anos em Paris em 22 de março de 1878. Olympe manteve um romance com o romancista francês Honoré de Balzac), mas só casou com ela após a morte de Isabella em 1845.

Rossini não só foi aclamado polas multidões que gozavam com as suas imensas óperas, embora recebeu importantíssimas condecorações tanto na França como na Itália e um reconhecimento quase unânime dos seus colegas músicos. Assim foi que em seguida da entrevista entre Rossini e Richard Wagner em 1860, o compositor do Anel do Nibelungo declarou que de todos quantos compositores conhecera em Paris, o único verdadeiramente grande era Rossini.

Rossini faleceu em Passy, perto de Paris em 13 de novembro de1868. Como já temos dito no post anterior por volta do Moisés em Egipto, milhares de pessoas entoaram a impressionante Prece desta ópera na honra do genial músico, dando-lhe o derradeiro adeu. Foi enterrado com todas as honras no Campo-Santo de Père-Lachaise e os seus restos transferidos em 1887 para Florença em 1887 onde descansa, já imortal, na basílica de La Santa Croce ao lado de glórias de Itália e do mundo como Galileu Galilei, Dante e Miguel-Ângelo.

Deixou um considerável legado monetário destinado para fundos para um asilo de músicos aposentados (ainda hoje existe o tal asilo) e outras obras de beneficência.

Sobrevivera a muitos outros compositores que eram chamados a serem os seus sucessores no trono da ópera italiana como Vicenzo Bellini, Gaetano Donizetti e Giacomo Meyerber e coincidiu com a aparição deslumbrante de Giuseppe Verdi e Richard Wagner.

Por causa do seu falecimento, Giuseppe Verdi convidou aos melhores compositores da Itália para comporem uma Missa de Réquiem na honra e memória do Cisne de Pésaro. Por motivações de razões políticas adversas a obra não chegou a bom porto e Verdi só compôs o Libera me que incluiu depois no Réquiem dedicado a Alessandro Manzoni.

Muitos compositores posteriores, dentre eles Nicoló Paganini, Fredreric Chopin, Ottorino Respighi ou Louis Niedermayer têm criado variações, orquestrações e adaptações de muitas das obras de Rossini.

Hoje descansa para sempre na nossa memória quem foi autor de obras como: L´italiana in Algeri (Teatro San Benedetto, Veneza, 22 de maio de 1813); Il barbieri di Siviglia, Almaviva, ossia l’inutile precauzione (Teatro Argentina, Roma, 20 de fevereiro de 1816); La Cenerentola, ossia La bontà in trionfo (Teatro Valle, Roma, 25 de janeiro de 1817); La gazza ladra (Teatro alla Scala, Milão, 31 de maio de 1817) ou Moïsé et Pharaon, ou Le passage de la Mer Rouge – rifacimento di Mosè in Egitto (Teatro dell’Accademia Reale di Musica, Paris, 26 de março de 1827)

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SOBRE AS DIFICULDADES DESTA CÉLEBRE ÁRIA

Por causa do uso de tercinas numa métrica musical de 6/8 em tempo allegro vivace, é uma das peças musicais mais complicadas de interpretar para as vozes de barítono. Todo isto unido à complicada letra nalgumas das linhas ao insistir em superlativos italianos acabados em íssimo faz desta ária um tour de force onde o cantante tem a possibilidade de tirar todas as suas habilidades.

Aqui cantado polo grande barítono russo (falecido recentemente, Dmitri Hvorostovski [em russo:Дмитрий Александрович Хворостовский]; Krasnoyarks, 16 de outubro de 1962 – Londres, 22 de novembro de 2017.

Descanse em paz o grande cantor:

https://youtu.be/TKDXr_fimQ8

LARGO AL FACTOTUM

Abram caminho para o faz-tudo da cidade.
Apressa-se a sua loja que desde a madrugada está já.
Ah, que boa vida, que bom prazer
por um barbeiro de qualidade! De qualidade!
Ah, bravo Fígaro!
Bravo, bravíssimo!
Venturoso de verdade!
Pronto para fazer tudo,
de noite e de dia
sempre movendo-se está.
Melhor bonança para uma barbeiro,
vida mais nobre, não, não dá.
Navalhas e pentes,
lanceta e tesouras,
ao meu comando
tudo aqui está.
Esta são as ferramentas,
do meu trabalho
com as senhoras… com os cavaleiros…
Ah, que boa vida, que bom prazer
para um barbero de qualidad! De qualidade!
Todos me procuram, todos me querem,
Senhoras, senhoritas, velhos, meninhas:
Toma a peruca… logo com a barba…
Toma a sangria…
Logo com o bilhete…
Toma a peruca, logo com a barba,
Rápido com o bilhete, ei!
Fígaro! Fígaro! Fígaro!, etc.
Ah, quanta gente!
Ah, que fúria!
Um por vez, por favor!
Ei, Fígaro! Estou aqui.
Fígaro aqui, Fígaro alá
Fígaro acima, Fígaro abaixo.
Pronto, tudo pronto, sou como um raio:
Eu sou o factotum da cidade.
Ah, bravo Fígaro! Bravo, bravíssimo,
A ti fortuna nunca faltará!
Sou o factotum da cidade
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LARGO AL FACTOTUM

Largo al factotum della città.
Presto a bottega che l’alba è già.
Ah, che bel vivere, che bel piacere
per un barbiere di qualità! di qualità!

Ah, bravo Figaro!
Bravo, bravissimo!
Fortunatissimo per verità!

Pronto a far tutto,
la notte e il giorno
sempre d’intorno in giro sta.
Miglior cuccagna per un barbiere,
vita più nobile, no, non si da.

Rasori e pettini
lancette e forbici,
al mio comando
tutto qui sta.
V’è la risorsa,
poi, del mestiere
colla donnetta… col cavaliere..

Ah, che bel vivere, che bel piacere
per un barbiere di qualità! di qualità!

Tutti mi chiedono, tutti mi vogliono,
donne, ragazzi, vecchi, fanciulle:
Qua la parrucca… Presto la barba…
Qua la sanguigna…
Presto il biglietto…
Tutti mi chiedono, tutti mi vogliono,
Qua la parrucca, presto la barba,
Presto il biglietto, ehi!

Figaro! Figaro! Figaro!, ecc.
Ahimè, che furia!
Ahimè, che folla!
Uno alla volta, per carità!
Figaro! Son qua.
Ehi, Figaro! Son qua.
Figaro qua, Figaro là,
Figaro su, Figaro giù.

Pronto prontissimo son come il fulmine:
sono il factotum della città.

Ah, bravo Figaro! Bravo, bravissimo;
a te fortuna non mancherà.

Sono il factotum della città!

A PRECE DE MOISÉS de Rossini, vertida para o galego-português por André Da Ponte

Poucas vezes na história da arte um grande compositor como Gioachino Rossini, ou Gioacchino, quando o baptismo Giovacchino Antonio Rossini (Pésaro, 29 de fevereiro de 1792 – Passy, Paris, 13 de novembro de 1868) tem alcançado im fervor igual que o rouxinol de Pésaro.

Compostor de óperas como Il barbiere de Siviglia (O barbeiro de Sevilha), La Cenerentola (A Cinderela) ou Guillaume Tell (Guilherme Tell). Esta última escrita em 1829, marca o final da sua esplendorosa carreira como compositor de óperas.

Quando o gigantesco compositor morreu na sua casa de campo de Passy, perto de Paris em 1868, milhares de vozes entoaram a Prece de Moisés na sua honra.

Este é o texto que coloco traduzido desde o italiano, suplicando que, após lerdes a tradução escuiteis o vídeo que coloco desta prece genial que foi inspirada sobre a tragédia L´Osiride de Francesco Ringhieri:

https://youtu.be/MEjnUbRE0Hg

Mas, antes, um pequeno apontamento sobre o autor da letra: Andrea Leone Trottola.

Nada se sabe do dia nem do ano do nascimento do prolífico libretista que foi imensamente solicitado tanto por Gioachino Rossini como por Gaetano Donizetti. Nem sequer onde foi que viu à vida.

Sábe-se que começou escrever libretos para óperas em 1802.

O seu libreto para a ópera Gabriella di Vergy – no princípio criado por Michele Carafa – foi revisado por Donizetti entre as décadas de 1820 e 1830. Ainda escreveu seis libretos mais para Donizetti, incluídos os de La zíngara (1822), Alfredo il grande (1823), Il castello di Kenilworth (1829) e Imelda de Lambertazzi em 1830.

Para Vincenzo Bellini escreveu Adelson e Salvini (1825). Ainda escreveu letras para compositores como Giovanni Pacini (Alessandro nelle Indie, 1824) e para Saverio Mercadante, Johann Simon Mayr, Nicola Vacca, Enrico Petrella, Ferdinando Paer e Manuel Garcia.

O libretista morreu em Nápoles em 15 de setembro de 1831.

A ópera Mosè in Egito foi estreada no Teatro San Carlo de Nápoles em 5 de março de 1818.

E mais nada, deixo-vos, então com esta emocionante música e letra.

 

A PRECE DE MOISÉS (CENA TERCEIRA DO ATO TERCEIRO)

 

MOISÉS

(E de Israel o Deus

Invoca apenas Moisés)

Do teu trono estrelado,

Senhor., vira-te para nós.

Misericórdia para os teus filhos.

Do povo tem piedade.

 

ANAIDE, MARIA, ELISEU e CORO

Misericórdia para os teus filhos,

Do povo tem piedade.

 

ELISEU

Se estiver pronto para tua vontade

São elementos e esferas,

Teu amigo escapa ao apontar

Dúvida, errante pé.

 

ANAÍDE, MARIA, ELISEU e CORO

Deus é misericordioso

Nós vivemos apenas em você.

 

ANAÍDE

Neste coração doente

Deh! Desça, oh Deus clemente:

E fármaco suave

Seja de paz polo menos.

 

TODOS

Do teu trono estrelado,

Senhor., vira-te para nós.

Misericórdia para os teus filhos.

Do povo tem piedade.

 

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Preghiera “Dal tuo stellato soglio”

 

 

MOSÈ

(E d´Israello il Dio

Invoca sol Mosè)

Dal tuo stellato soglio,

Signor, ti volgi a noi.

Pietà de´figli tuoi.

Del popolo tuo pietà.

 

ANAIDE, MARIA, ELISEO e CORO

Pietà de´figli tuoi,

Del popolo tuo pietà.

 

ELISEO

Se pronti al tuo volere

Sono elementi e sfere,

Tuo amico scampo addita

Al dubbio, errante piè.

 

ANAÍDE, MARIA, ELISEO e CORO

Pietoso Dio, ne aita:

Noi non viviam che in te.

 

ANAÍDE

In questo cor dolente

Deh! Scendi, oh Dio clemente:

E farmaco soave

Gli sia di pace almen.

 

ANAÍDE, MARIA, ELISEO e CORO

Il nostro cor che pena

Deh! Tu conforta almen.

 

TUTTI

Dal tuo stellato soglio,

Signor, ti volgi a noi

Pietà de´figli tuoi

Del popolo tuo pietà.

 

SURREALISMO

SURREALISMO

 

SURREALISMO

 

Sobrevaloramos a morte

Cando o único que nos fai esmorecer

é o medo!

O medo que nos derrota ante as loitas

Perante as escaramuzas, nas batallas

Por iso é que hai seres

Que van morrendo en anaquiños, no silencio

E vidas que resisten e camiñan

En ousadas valentías fronte aos prexuízos

Sobrevaloramos a morte construída no egoísmo

Hai quen di que por iso os poetas

Agonían o seu eu lírico moribundo

E os analfabetos heterodoxos

Practicamos as rimas inadaptados ás normas

Sobrevaloramos a morte coma se fose a metáfora

Madita sexa, só é unha escusa!!

En tanto o tempo nos delata

E o progreso nos institucionaliza e nos retrata

Neste xogo de espellos

Que é vivir!!

E deixar vivir !!

Sobrevaloramos a morte coma se fose a fin

Cando somos milleiros de ratos xirando na roda

Na gaiola

De quen son as mans que nos sentenzan a galeras ?

 

  • PILAR MASEDA 
A VITÓRIA COLONNA, de Miguel Ângelo (versión ao galego-portugués de André da Ponte)

A VITÓRIA COLONNA, de Miguel Ângelo (versión ao galego-portugués de André da Ponte)

A VITÓRIA COLONNA

Não tem um grande artista um só preceto

que a um tão só mármore se circunscreva

o seu repor, porque é que a isso leva

a mão que tem respeito ao intelecto.

 

O mal do que fujo e o bem que prometo,

ó linda mulher, altaneira e diva,

está em ti e esta arte, porque não viva,

tem na contrária o desejado afeto.

 

Não é nos amores, nem na beldade,

nem fado, nem rigor, desdém ingente,

causas do mal, nem sina, nem a sorte,

 

se no teu seio a morte e a piedade

levas à vez, a arte é impotente,

e acho a tanto ardor só a minha morte.

 

 

Miguel Ângelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de março de 1475 – Roma, 18 de fevereiro de 1594), mais conhecido simplesmente como  Miguel Ângelo.

À Vittoria Colonna

Non ha l’ottimo artista alcun concetto,
Ch’ un marmo solo in se non circoscriva
Col suo soverchio, e solo a quello arriva
La man che obbedisce ail’ intelletto.

Il mal ch’ io fuggo, e ‘l ben ch’ io mi prometto,
In te, donna leggiadra, altera, e diva,
Tal si nasconde, e, perch’ io più non viva,
Contraria ho l’arte al desiato effetto.

Amor dunque non ha, nè tua beltate,
O fortuna, o durezza, o gran disdegno,
Del mio mal colpa, o mio destino, o sorte,

Se dentro del tuo cor morte e pietate
Porti in un tempo, e che ‘l mio basso ingegno
Non sappia ardendo trame altro che morte.

 

 

*Imaxe: https://sobreitalia.com/files/Miguel-Angel.jpg

 

 

 

 

XXIV Homenaxe “O Escritor na súa Terra – Letra E” a Nacho Taibo: Oleiros, 16 de xuño

XXIV Homenaxe “O Escritor na súa Terra – Letra E” a Nacho Taibo: Oleiros, 16 de xuño

A Homenaxe “A/O Escritor/a na súa Terra“, que cada ano impulsa a AELG, chega neste 2018 á súa XXIV edición, recaendo por decisión da Asemblea de Socias e Socios na figura de Nacho Taibo.

O acto terá lugar o sábado 16 de xuño en Oleiros, A Coruña. A partir das 11:30 horas desenvolverase o programa de actos previsto, que se achega en arquivo anexo.

Como é habitual, remataremos a homenaxe cun xantar de confraternidade que celebraremos no Hotel As Galeras (Rúa Antonio J. de Sucre, 17, Bastiagueiro, Oleiros –como chegar-), e cuxo prezo por persoa é de 30€, que se pagará no propio restaurante nunha mesa que habilitaremos ao efecto. As prazas no restaurante son limitadas: agradecemos que fagas a túa reserva canto antes. De estardes interesados/as en asistir ao xantar confirmádenolo chamando até o luns, segunda feira, 11 de xuño -inclusive- ao teléfono:

981 133 233

ou enviando un correo electrónico a:

oficina@aelg.org

 

*Información facilitada pola AELG.