por Ana Mar Fraga Rábade | Ago 3, 2018 | Autores/as, Creación, Literaria, Xeral
Onde o Arco Àrtabro deixa entrar o mar, poder e figura da Deusa Ainoan, anfiteatro pechado polos Montes da Zapateirá.
Costa Ártabra, ou camiño dos sete faros Magnus Portus Artabaurum.
Deusa do vento, laios dunha natureza ousada ,onde as pedras escriben historia, deserto areal, onde as ondas levan o canto de sereas.
Morre a lúa nos confíns do mar, durmindo un soño de misterios.
Ainoan, desexo preto de nós, filla dun Druida, onde a escuridade é luz ,agocha o sol á Raíña da noite.
Tempo galego na cor dun horizonte.
Ana Mar Fraga Rábade.
por martinho | Ago 2, 2018 | Autores/as, Creación, Literaria, Xeral
Achegamos nota de prensa e cartaz anunciador da Sétima edición do Festival 27373 de música en Galego de Begonte.
Calquera aclaración, pregunta ou entrevista, pódese facer a través deste correo electrónico ou chamando ao 616705174 (Carlos).
AC Castiñeiro Milenario
Pacios, 85 27373 Begonte
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por martinho | Ago 2, 2018 | Autores/as, Creación, Literaria, Xeral
CANÇÃO DE OUTONO
Os soluços longos
Dos violinos
……Do outono
Ferem meu coração
Com um langor
……Monótono.
Sufocado de todo
E pálido, quando
……Soa a hora.
Meu coração lembra,
Os tempos passados
……E chora.……
E eu me vou
Com o vento mau
……Que me porta.
Para aquí, acolá
Igual à
……Folha morta..
CHANSON D’AUTOMNE
Les sanglots longs
Des violons
De l’automne
Blessent mon cœur
D’une langueur
Monotone.
Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l’heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure ;
Et je m’en vais
Au vent mauvais
Qui m’emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.
In Poèmes saturniens, 1902, Œuvres complètes, Volume I, páginas 33-34
http://img4.bdbphotos.com/images/700×350/x/2/x2gqy01wphmjymwj.jpg?skj2io4l
Paul Verlaine (à esquerda na foto) com Arthur Rimbaud (à direita)
por martinho | Jul 24, 2018 | Autores/as, Creación, Literaria, Xeral
NA MEMÓRIA DE JOSEFA CABADO LOPEZ (A REQUECHA E A REGUEIFEIRA DO CANDO – SÃO SALVADOR DE PARGA), prima coirmã de meu defunto pai que faleceu em 31 de março de 2018.
Com saudades e sentindo muito a sua ausência.
DERRADEIRA VONTADE
Deixai-me, bem seja breve,
um pedaço de lembrança
num floco de branca neve
quando eu morrer. Caia leve,
sossegada, quase mansa;
ouça-a eu como descansa
no colo da minha Terra.
E sinta que a selha berra
(cantava quando eu criança)
velhas cantigas da serra.
E recender novamente
no deleite da verdura
a nossa fala mais pura
nos lábios da minha gente.
E os risos da rapazada,
e da fonte que escorrega
nesta paisagem calada,
e o curto vó duma pega.
E o fumo duma lareira
sair do turvo das lousas.
Ressentir todas as cousas
tal qual fosse a vez primeira.
Apenas isto requeiro,
só esta ânsia procuro:
dormir sono derradeiro
numa Pátria com futuro.…
…………………………………..
Na manhã mais sonolenta
perceba na terra algente
cair a neve mui lenta…
lenta… lenta… lentamente…
…………………………………..
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por martinho | Jul 23, 2018 | Autores/as, Creación, Literaria, Xeral
ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (XXXII)
Makhmud Sobh al-Kurdi
مخمود صبح الكردي
Onde voam as águias ninguém em Palestina esquecerá Gassán
Lim nos jornais que a miúdo de ti falavam
e disse para mim: mintem os jornais igual que sempre.
Como havia acreditar que se atrevera a morte, disfarçada de artefacto explosivo,
a te insinar o seu terrível rosto cara a cara, em pleno dia maldito.
pudo essa voraz suja velha roubar-te os teus projectos, as tuas muitas ilusões
e dispersar o teu peito tão valente, esfanicar o teu jovem corpo.
Levavas esse dia os teus projectos, como a cotio, nas algibeiras.
Ainda lembro, Gassán, quando, com cuidado primoroso, os tiravas
do bolso esquerdo das tuas calças cinzentas, esfarrapadas de todo e bastante limpas [não obstante.
naquele campamento nosso de refugiados, no arrabalde de Damasco,
onde a nossa ira medrava e também a esperança junto a fame* e a sua semelhança, a [miséria.
«Justo nesta montanha onde abundam os bosques e as covas —disses-te—
está o caminho mais curto para o nosso lugar, pertinho de acô*.
Deveríamos atacar de súpeto. A guerra é com surpresa, há que aprender deles.
Mas, é só o dia o nosso.
Cuida de não matar meninhos*, não destruir os nossos fogares
Também não queimar anaco* algúm da querida pátria.
O nosso é uma guerra de guerrilhas de espaçoso alento humano.
Jamais o rancor, que é muito descorado.
O ódio e a vingança hám ficar para o outro bando.
Flor violenta é o nosso, ardente mas, também fermosa.
Um alvor que abraça um claro dia e à vida nascente, o nosso é».
Que dedos de pianista voavam nos teus sobre o pequeno mapa
enquanto chamavas a atenção para as tuas tácticas guerreiras, nunca antes inventadas,
o teu grande convencimento de profeta,
aquela voz tua musical e de diamante à vez.
Hoje justificar pretendem os desesperados a violência louca, sen sentido.
E poucos, muito escasos, seguem a acreditar nos teus puros projectos juvenís, algum dia [certos.
Repartidos agora estamos em milhares de pedaços, como contigo fizeram.
E, no entanto, Gassán, não chorou da tua morte e tambén não na vida dos órfãos.
Desminto os que crem não cumplem os poetas o prometido nem fazem o que dizem.
Hoje volvo repetir-te aqueles versos meus que de cor conhecias:
«Apertai, com força, as bexigas.
e com o sal rociai-a ».
Todo o que não seja ira e luz dos vossos olhos, arrincai.
Tempo haberá para chorar polos* mortos vossos.
O tempo do regresso à nossa terra, quando a apertemos e a rociemos
dos distintos sabores das lágrimas ao se fazerem o reencontro, distante tantas vezes.
Não conteis esse dia nem percas, nem traedores, nem desesperados.
«Já virá o tão veloz outono
e, perante a sua força, cairá o cerco e derrubarám-se os valados
e abrirám-se ao vento casas e casas».
«Então virá-lhe a sua vingança para quem foi traído,
e à terra o seu espasmo,
o seu parto a tanta luz.
Então, na certeza, há resuscitar Jerusalém
e a vergonha da frente do povo cairá».
Gassán, asseguro-te que hei cumplir os meus versos e fazer que os teus projectos [fructifiquem.
Ocupo-me agora, tam só, de recompor no meu poema um corpo esmigalhado.
Atesoura a História o que a terra inuma.
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por martinho | Jul 21, 2018 | Autores/as, Creación, Literaria, Xeral
ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (XXXI)
Makhmud Sobh al-Kurdi
مخمود صبح الكردي
Mahhmud Sobh al-Kurdi nasceu na pequena aldeia de Safad na Galileia, perto de Nazaré. É brutalmente expulso em Maio de 1948 ele e a sua família polos* tanques e os soldados do criado recém Estado sionista na Palestina.
Em Outubro de 1954, logo de ter superado os exames correspondentes é nomeado mestre de ensino primário na Síria. Em 1962 recebe o Diploma de Pedagogia pola* Universidade de Damasco.
Um poema seu dedicado ao poeta clássico al-Mutanabbi obtém em 1960 o prémio da Universidade de Damasco e em Julho de 1961 com outro poema, Epopéia Eterna, consegue o primeiro prémio do Certame convocado em Damasco pola* União de Universidades da R.A.U.
Em 1963 vemo-lo como professor na Escola Normal de Oram (Argélia) e em 1964 é nomeado director duma escola secundária em Homs (Síria).
Traslada-se para a Espanha em 1965 aceitando uma beca para fazer uma tese doutoral sobre a poesia clássica andalusi que defende com o título A poesia amorosa arábigo-andaluza obtendo a qualificação de sobressalente. É nomeado professor do Departamento de Árabe e Islã na Universidade Complutense de Madrid e professor de língua árabe na Escola Diplomática Espanhola em Outubro de 1973. Em 28 de Outubro de 1975 obtém um dos prémios Álamo de Poesia polo* seu Livro das Kasidas de Abu Tárek.
Em 22 de Janeiro de 1976 é homenageado no Palácio de Congressos e Exposições de Madrid polos embaixadores árabes na Espanha.
Outorgam-lhe os prémios Concelho de Rota e Cidade de Irún polo seu volume Possesso em Layla.
Em 1978 obtém o prestigioso prémio Vicente Aleixandre e ao seguinte ano concederam-lhe a nacionalidade espanhola.
A 1 de Janeiro de 1981 é nomeado chefe do Seminário de Estudos de Filologia, Literatura e Belas Artes no Instituto Hispano-Árabe de Cultura.
Em 1983 obtém o Prémio Nacional de Tradução e o dia 17 de Janeiro de 1985 é nomeado professor titular na Universidade Complutense de Madrid.
A 9 de Junho de 2001 toma possessão da Cátedra de Estudos Árabes e Islâmicos na Universidade de Madrid.
Prestigioso professor e erudito investigador tem dado, além duma insubstituível História da Literatura árabe clássica, uma formosa coleção de poemas femininos clássicos árabes do al-Ándalus sob o nome de Poetisas arabigo-andaluzas. Toda a sua obra poética está recolhida no livro Divan. Antes, Em, Depois, publicado em Madrid no ano 2001.
A aldeia ao pôr-do-sol
Fazia-se noite e os disparos na garganta da aldeia enrouqueceram.
Um silêncio solene, sem serenos reflexos, apoderou-se das ruas.
com os seus véus arroupava-a e com a sua própria boca estinguia o laído*.
Polas* veias do lugar um arrepio de espantosa morte andava em derredor,
alimentava-se dele o sossego e dos regatos das bágoas* bebia.
Como espectros de lobos quando o rebanho espreitam, achegava a noite.
Convulsos segundos foram os que a aldeia surprendida deixou passar.
Para esquadrinhar as ruas, minha mãe, tremente, medrosa, assomara a cabeça.
Olhava eu para ela, silente, num breve instante de terror e mudezes.
Os meus olhos espetara no candeeiro e vestido de palidezes mirei-me.
O sangue era tam só um carambano… Minha mãe exclamou:
Mataram os nossos homens, meu filho. Bestas às casas nossas se acercam.
Meu filho, foram assassinados os homens nossos. E agarrando-me as mãos botou-se a [fugir.
A praça da aldeia conquistaram já a récua dos deuses da Morte:
cadáveres espalhados. Um silêncio afogado em fiada de explosões.
De traje carmesim a brétema* cingia os rostos das vítimas
enquanto debandadas de fugitivos da Morte atingiam os caminhos
mas, dava-lhes alcance a Morte com o seu atroz exército de milhares de tropas.
Corriamos eu e minha mãe. As catástrofes, atrás nosso, apressavam também.
Os pés nos resgataram da Morte até que a fadiga nos rendeu.
O terror multiplicava a sua silhueta e espreitava às escondidas no silêncio.
A pergunta fervia-me nas entranhas: Mãe… Onde…
Onde… Onde vai o papá? E das pupilas escorreram-nos as lágrimas.
A nossa aldeia foi destroçada, meu filho, e mataram todos os moradores.
Só se salvou a desonra e a perversa maldição do destino.
Fitava em silêncio para a distante aldeia e em mim prendia o ódio no seu incêndio.
Vamos… que os pés prossegam o caminho, baldados e rendidos.
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