QUIMERA

QUIMERA

Atrapalhado na alma e no sentido

sonhei que te sonhava e tão ditoso,

tão quimérico foi, tão ardiloso,

que me achei toda a noite entretecido.

 

Olhei-te, pura luz, tão acendido

no doce e limpo olhar, tão fervoroso,

que procurei não despertar, medroso

de te perder se não ficar dormido.

 

Mas foi, por um momento, bem miúdo

o engano de sonhar que te sonhava

e fora ainda mais triste despertar,

 

que logo olhei meu coração desnudo

vendo que, sem ventura, não te achava

e fora uma ânsia do meu penar.

[Do livro inédito “Sonata dum quebrado violino”]

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