Das minhas traduções.

Um dos poetas que mais me tem maravilhado da ingente literatura italiana é Luigi Transillo, deixo para todos vós, meus queridos amigos e minhas doces amigas uma tradução dum soneto célebre deste autor quase desconhecido no mundo que fala e escreve galego-português.

Luigi Tansillo nasceu em Venosa em 1510. Das suas origens ele próprio escreveu:

« Mio Padre a Nola, io a Venosa nacqui,
L’una origin mi diè, l’altra la cuna»

De inspiração petrarquista e pré-marianista (é chamada escola marianista à corrente estética inaugurada polo poeta Giovan Battista Marino (Nápoles, 14 de outubro de 1569 – Nápoles, 26 de março de 1625) cuja influência se sentiu por toda a Europa sendo a fonte donde manou o preciosismo na França, o eufuismo na Inglaterra (do romance de John Lyly Euphues), o culteranismo e o gongorismo na literatura escrita em castelhano).

Torquato Tasso definiu-o como um dos melhores poetas italianos do Cinquecento, parangonando-o com Angelo di Constanzo e com Bernardino Rota e Tommaso Stigliani considerava-o como mesmo superior a Petrarca.

O poeta morreu em Tenao em 1 de dezembro de 1568.

[O texto em italiano está apanhado de: Ettore Bonora, Luigi Tansillo in Storia della letteratura italiana, vol. IV, Milano-Garzanti.1966].

UM SONETO DO POETA ITALIANO LUIGI TANSILLO VERTIDO AO GALEGO.

 

ASAS ME PÕE O AMOR, E TANTO NO ALTO

 

Asas me põe o amor, e tanto no alto

levanta meu honroso pensamento

que por horas espero e ainda intento

às portas do céu dar alto o assalto.

 

Olho a terra e tremo tão do alto;

mas, quem se esforça dize tão contento,

que se faltava o efeito em tal intento

da glória eterna ser mortal o salto.

 

Pois, se aquele que igual o desejo deu

um tal renome ao mar onde achou morte,

manifestando ao sol seu desvario,

 

cantará de ti o mundo o seu troféu:

Este é que quis levantar a sua sorte

e faltou-lhe a vida, mas não o brio.

 

AMOR M’IMPENNA L’ALE, E TANTO IN ALTO

 

Amor m’impenna l’ale, e tanto in alto

le spiega l’animoso mio pensiero,

che, ad ora ad ora sormontando, spero

a le porte del ciel far novo assalto.

 

Tem’io, qualor giú guardo, il vol tropp’alto,

ond’ei mi grida e mi promette altero

che, s’al superbo vol cadendo, io pero,

l’onor fia eterno, se mortal è il salto.

 

Ché s’altri, cui disio simil compunse,

diè nome eterno al mar col suo morire,

ove l’ardite penne il sol disgiunse,

 

ancor di me le genti potran dire:

«Quest’aspirò alle stelle, e s’ei non giunse,

la vita venne men, ma non l’ardire!».

 

 

Luigi Tansillo  http://lnx.bibliotecatansillo.it/Joomla/images/stories/fruit/tansillo%20sito.jpg