ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (XV)
Fadwa Tuqán
فدوى طوقان
Cantigas para os comandos
Parto
O vento arrasta o pólen
e a terra nossa sacude-se de noite
nos tremores do parto.
A si próprio se engana o verdugo
quando conta a patranha da incapacidade,
a história da ruína e dos cascalhos.
Jovem manhã nossa!… Conta tu ao verdugo
como são os tremores do parto;
como nascem as margaridas
da dor da terra
e como se levanta a manhã
do cravo do sangue nas feridas.
Quando chove as más notícias
O vento nas montanhas trança o fumo
e através de carreiros de noite e trovoada
chove rochas e pedras:
Negras, na cinza,
na fumarada, negras.
Que chova como queiram essas rochas!
Que chova como desejem essas rochas!
O rio segue correndo para a sua desembocadura,
e passando a volta das sendas, na ampla distância,
aguarda a manhã.
Aguarda a manhã por nós.
Como é que nasce a cantiga
Apanhamos as cantigas
do teu cansado e derretido coração,
e sob o denso mar das da escuridão,
com amorosa luz,
holocaustos e incensos, a amassamos;
Colocamos nelas a força do seixo e da rocha.
Depois tornamo-las no teu limpo e puro coração,
ó povo combatente e tão sofrido!
Chega-me com seguir no teu colo
Mais não pido do que morrer acima dela,
ser enterrada nela;
do que dissolver com a grama, desaparecer,
e brotar como ervinha do seu chão
feita flor, com a que brinque
a mão dum meninho* criado no meu país.
Tudo quanto pido é permanecer no colo da minha terra:
Como pó, flor de laranjeira, erva…