ANTOLOGIA POESIA PALESTINA MODERNA (VIII)
Yabra Ibrahim Yabra
جبرا إبراهيم جبرا
Yabra Ibrahim Yabra nasceu em Belém em 28 de Agosto de 1920 numa família cristã muito humilde. Com enorme esforço dele e dos pais cursou estudos na Universidade de al-Quds (Jerusalém) e mais tarde nas de Exeter e Cambridge (Grã-Bretanha) e em Harvard nos Estados Unidos. Em 1948, após a criação do Estado de Israel, foi obrigado a fugir da Palestina, com milhares de compatriotas seus, abandonando a sua casa de estreia em Jerusalém logo do bombardeamento polas* tropas sionistas do hotel Semiramis onde tantas pessoas inocentes de todo morreram. Após vários tentos ineficazes de ministrar aulas em Beirute e Damasco, estabeleceu-se em Iraque com contrato de professor na Universidade de Bagdade. Lá, conhece um grupo de poetas fundamentais na historia recente da poesia árabe moderna, dentre eles Buland al-Haidari, Nazik al-Malaika, Badr Shakir al-Saab e Abd al-Wahhab al-Bayati. Eles darão ao lume uma nova poesia que desbaratará todos os arquétipos técnicos e temáticos moldurados em catorze séculos.
Para Yabra Ibrahim a poesia “Pode ser considerada como débil demais, um brinquedo que se atira contra as espingardas, mas às vezes é tão boa como a dinamita. Patenteia todo o sofrimento e a cólera duma nação, cristaliza posições políticas por meio de linhas que, memorizadas polos* velhos e os novos, vigora a resistência popular e proporciona a palavra de ordem comum”.
Uma imensa curiosidade fez-lhe percorrer quase todos os gêneros: narrativa, ensaio, além da continua adição poética e pictórica. O intenso labor intelectual do poeta de Belém foi reconhecido com prémios numerosos como The Targa Europa Prize for Culture, Roma, 1983, o primeiro prémio da Kuwaiti Foundation for Scientific Achievement, en 1987, o Prémio Nacional Iraquiano de romance em 1988, a Medalha das Letras e das Artes de Jerusalém em 1990, a Medalha das Letras da Tunícia em 1991, o prémio da Universidade de Colúmbia ao seu trabalho de tradutor. Entre 1982 e 1990 foi eleito Presidente da União de Críticos Iraquianos; também fez parte da União de Escritores do Iraque e da Associação Internacional de Críticos da Arte, sediada em París e Membro de honra das Associações de Tradutores Iraquianos e da de Artistas do Iraque. O seu nome resoou várias vezes como candidato para o prémio Nobel de Literatura.
Yabra Ibrahim Yabra faleceu em Bagdade dum ataque ao coração o dia 12 de Dezembro de 1994.
Entre as obras poéticas são de destaque: Tammuz fi-l-madina (Adonis na cidade), 1959; Al-madar al-muglaq (A órbita fechada), 1964; Lawat al-shams (Aflição do sol), 1978.
Galerias
Não quisera, não quisera eu
fugir do meu labirinto,
do labirinto dos meus,
dos meus companheiros,
onde os mosquitos da corrupção supuram
enquanto à morte se resignam
dia por dia.
Durante a vida toda se dilata a morte
como uma eternidade.
Não quisera, não quisera eu
contar o meu labirinto,
eu, que são livre, livre
entre três valados
e o quarto é uma galeria que se dilata
como a eternidade.
Não quisera, não quisera eu contar
o meu êxodo
dum quarto para outro quarto
e um tenebroso vazio onde
o eco dos longínquos cascos
não cessa de ferir as minhas pupilas.
Como a eternidade se dilata
desde a terra da ausência
para a terra da ausência.
Ainda assim
na palavra livre achei
a minha saída.
Por fim na palavra encontrei
uma saída para o espaço
que perante mim se dilata
como uma eternidade.
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