A MUSA ENFERMA de Charles Baudelaire (versión galega de André Da Ponte)

A MUSA ENFERMA de Charles Baudelaire (versión galega de André Da Ponte)

A MUSA ENFERMA

 

Oh! Minha pobre musa,, que é o que tens, meu amor?

Os teus olhos estão cheios polas visões nocturnas,

E vejo no teu rosto fulgurações de terror,

De loucuras e tremuras frias e taciturnas

 

Algum gnomo esverdeado ou duende sedutor

Verteram no teu corpo, pode ser, um amavio?

Talvez por um pesadelo foi, ou a visão dum pavor

Que te sufocou no fundo dum incrível macio?

 

Quanto bem quisera que tu, saudável e contente

Frequentasses as ideias excelentes na mente,

Que cristão latejante o sangue em ondas te pulsara.

 

Como copiosos toques de sílabas antigas

Onde reinam por seu lado os senhores das cantigas

Febo e o supremo Pã, o dono e senhor da seara

 

 

VII

LA MUSE MALADE

 

(Edição Poulet-Malassis et de Broise, 1861 (pp. 22-23).

Ma pauvre muse, hélas ! qu’as-tu donc ce matin ?
Tes yeux creux sont peuplés de visions nocturnes,
Et je vois tour à tour réfléchis sur ton teint
La folie et l’horreur, froides et taciturnes.

Le succube verdâtre et le rose lutin
T’ont-ils versé la peur et l’amour de leurs urnes ?
Le cauchemar, d’un poing despotique et mutin,
T’a-t-il noyée au fond d’un fabuleux Minturnes ?

Je voudrais qu’exhalant l’odeur de la santé
Ton sein de pensers forts fût toujours fréquenté,
Et que ton sang chrétien coulât à flots rhythmiques,

Comme les sons nombreux des syllabes antiques,
Où règnent tour à tour le père des chansons,
Phœbus, et le grand Pan, le seigneur des moissons.

 

https://cuadernosdelhontanar.files.wordpress.com/2015/10/loffit-charles-baudelaire-06.jpg?w=477&h=477&crop=1

 

 

O ALBATROZ de Charles Baudelaire (versión galega de André Da Ponte)

O ALBATROZ de Charles Baudelaire (versión galega de André Da Ponte)

Das minhas traduções

 

Do genial poeta francês Charles-Pierre Baudelaire (Paris, 9 de abril de 1821 – Paris, 31 de agosto de 1867),

 

Baudelaire é um dos fundadores da tradição da moderna poesia, junto com o norte-americano Walt Whitman.

Aqui traduzo um poema da sua obra-prima: As flores do mal (Les Fleurs du mal) segundo a edição de Michel Lévy frères, 1868 (Œuvres complètes, vol. I, p. 89), da minha biblioteca..

 

O albatroz

 

Por divertir-se, às vezes, os homens da marinhagem

Caçam os albatroz, o grande pássaro voraz,

Que segue, indolente, aos companheiros de viagem,

O navio que boia pegos de sal audaz.

 

Quase que colocado nas tábuas, estendido

este imperador do céu, tímido e envergonhado

Bate as asas brancas com queixume constrangido,

como remos rojados desabando pra o lado!

 

Que acanhado e débil se acha o viageiro alado!

Há pouco tão elegante e agora a afear.

Excita-lhe um o bico com cachimbo afumado

outro, coxeando, anula quanto lhe faz voar

 

O Poeta é semelhante à princesa ave marinha

Que desdenha do arqueiro, e se encara aos vendavais;

Espatriado está no solo, entre a gente escarninha,

Não lhe deixam caminhar as asas colossais!

 

 

L’ALBATROS

Souvent, pour s’amuser, les hommes d’équipage
Prennent des albatros, vastes oiseaux des mers,
Qui suivent, indolents compagnons de voyage,
Le navire glissant sur les gouffres amers.

A peine les ont-ils déposés sur les planches,
Que ces rois de l’azur, maladroits et honteux,
Laissent piteusement leurs grandes ailes blanches
Comme des avirons traîner à côté d’eux.

Ce voyageur ailé, comme il est gauche et veule !
Lui, naguère si beau, qu’il est comique et laid !
L’un agace son bec avec un brûle-gueule,
L’autre mime, en boitant, l’infirme qui volait !

Le Poëte est semblable au prince des nuées
Qui hante la tempête et se rit de l’archer ;
Exilé sur le sol au milieu des huées,
Ses ailes de géant l’empêchent de marcher.

 

 

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